sexta-feira, outubro 30, 2009

Eita terra bonita!

Hoje o dia foi realmente fantástico! Paisagens belíssimas sempre nos acompanhavam, porque a Bahia é toda linda mesmo! História também é outro ponto forte desta terra maravilhosa. Salvador é história viva! Cada monumento, cada praça, cada cantinho trás sempre uma porção de histórias para contar! E ainda descobrimos que é aqui em Salvador que se localiza uma das três mais belas praias do MUNDO!!!!!
Hoje visitamos ainda a Igreja do Bonfim e o Museu Carlos Costa Pinto, dois locais inesquecíveis! Vejam um pouquinho nas fotos abaixo! Hoje ainda tem uma visitinha ao Shopping Salvador. E amanhã teremos muitas outras coisas para curtir e aprender... Aguardem!


Agendão - 30/10/2009

*
6ª SÉRIE


1. PORTUGUÊS (2 aulas) =
Sala – Produção Textual – Rima e Poema.
Casa – Exercício no caderno.

2. MATEMÁTICA (2 aulas) =
Sala – Unidade de medidas e massa.
Casa – p. 312.

3. CIÊNCIAS (1 aula) =
Sala – Sementeira.
Casa – Exercício do capítulo sobre poluição.


*
7ª SÉRIE

1. CIÊNCIAS (2 aulas) =
Sala – Caules, folhas e frutos.
Casa – pp. 226 e 242.

2. MATEMÁTICA (2 aulas) =
Sala – Porcentagem p. 296 (q. 1 a 6).
Casa – p. 296 (q. 7 a 11).


*
8ª SÉRIE


1. DESENHO GEOMÉTRICO (1 aula) =
Sala – pp. 351 (q. 2 e 4), 336 (q. 8), 342 (q. 8) e 353 q. 10).
Casa – Não houve tarefa de casa.

2. CIÊNCIAS (2 aulas) =
Sala – Doenças sexualmente transmissíveis.
Casa – p. 231.

3. MATEMÁTICA (2 aulas) =
Sala – Equações irracionais e biquadradas, revisão de TD e pp. 157 e 158. Porcentagem p. 155.
Casa – p. 161.

Bahia, cidade de São Salvador

E a nossa viagem está emocionante! Já passamos pela Igreja de São Francisco e por todo o Pelourinho! AH! Ainda passamos por um trio elétrico! Mas a Bahia é assim: cheia de emoções!





Sorria, você está na Bahia!

Nosso grupo acaba de desembarcar no aeropoto de Salvador. E é só o começo dessa viagem que promete muitas coisas boas! Pense num grupo animado! Já diz a música: ¨Que bom você chegou, bem vindo a Salvador, coração do Brasil!¨ E o Colégio Espaço Aberto está tomando conta de Salvador! Lá vamos nós!














quinta-feira, outubro 29, 2009

Agendão - 29/10/09

6ª SÉRIE
1. PORTUGUÊS (2 aulas) =
Sala – Ficha de Leitura / Produção Textual
Casa – Livro Texto: pp. 160 e 161 (q. 1 a 6)
2. INGLÊS (1 aula) =
Sala – Countable X Uncountable nouns (pp. 72 e 73)
Casa – p. 122 (q. 1, 2 e 3) + p. 76 (q. 2 e 3)
3. ESPANHOL (1 aula) =
Sala – Los colores p. 144 / Las ropas p. 145. APP 13.
Casa – p. 148
4. CIÊNCIAS (1 aula) =
Sala – Solo de horta - compostagem
Casa – Não houve tarefa destinada para realização em casa desta disciplina neste dia.
5. EDUCAÇÃO FÍSICA (1 aula) =

7ª SÉRIE
1. CIÊNCIAS (1 aula) =
Sala – Flores, frutos e sementes.
Casa – Não houve tarefa destinada para realização em casa desta disciplina neste dia.
2. PORTUGUÊS (3 aulas) =
Sala – Leitura e Interpretação / Ficha de Leitura
Casa – Exercícios no caderno.
3. EDUCAÇÃO FÍSICA (1 aula) =

8ª SÉRIE
1. GEOGRAFIA (1 aula) =
Sala – APP 12. Unidade 8 – tema 02.
Casa – pp. 194 e 195.
2. CIÊNCIAS (1 aula) =
Sala – Doenças sexualmente transmissíveis / Métodos anticoncepcionais
Casa – Não houve tarefa destinada para realização em casa desta disciplina neste dia.
3. HISTÓRIA (1 aula) =
Sala – Unidade 8 – Temas 1 e 2: A crise do governo regencial.
Casa – Não houve tarefa destinada para realização em casa desta disciplina neste dia.
4. MATEMÁTICA (1 aula) =
Sala – Equação biquadrada
Casa – Estudar TD
5. EDUCAÇÃO FÍSICA (1 aula) =

Tópicos de História do Prof. Daniel Frances

Centenário de morte de Euclides da Cunha
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, “Os Sertões”, que retrata a Guerra dos Canudos.

Cronologia:

1866 – Nasce no dia 20 de janeiro, na Fazenda Saudade, em Cantagalo, região serrana no vale do rio Paraíba do Sul, na província do Rio de Janeiro, onde vive até os três anos, quando falece sua mãe. O autor e sua irmã, Adélia, passam a viver, em 1869, com seus tios maternos, Rosinda e Urbano, em Teresópolis (RJ).

1871 – Com a morte da tia, Rosinda, vão morar com os tios maternos, Laura e Cândido, em São Fidélis (RJ).

1874 – Inicia os estudos no Instituto Colegial Fidelense.

1875 – Seu pai, Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha, tem o poema “À morte de Castro Alves” publicado na segunda edição de “Espumas flutuantes”, do poeta baiano, prematuramente falecido.

1877 – Estuda no Colégio Bahia, em Salvador (BA), durante um breve período em que morou naquela cidade, na casa de sua avó paterna.

1879 – Muda-se para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), e estuda no Colégio Anglo-Americano.

1883 – Estuda no Colégio Aquino, e escreve seus primeiros poemas em um caderno, ao qual dá o título de “Ondas”.

1884 – Publica em “O Democrata”, jornal dos alunos do Colégio Aquino, seu primeiro artigo.

1885 – Ingressa na Escola Politécnica para cursar Engenharia. Frequenta somente por um ano, pois é obrigado a desistir por motivos financeiros.

1886 – Matricula-se na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, no curso de Estado-maior e Engenharia Militar da Escola Militar, medida adotada porque a Escola pagava soldo e fornecia alojamento e comida. Tinha, entre seus colegas, Cândido Rondon, Lauro Müller, Alberto Rangel e Tasso Fragoso.

1887 – Passa, por três vezes, pela enfermaria da escola. Pede licença de dois meses para tratar da saúde.

1888 – Sua matrícula na Escola Militar da Praia Vermelha é trancada, face ao ato de protesto durante uma visita do Ministro da Guerra, conselheiro Tomas Coelho, do último gabinete conservador da monarquia. É desligado do Exército sob o pretexto de incapacidade física. Convidado, passa a escrever no jornal “A Província de São Paulo”, hoje “O Estado de São Paulo”, jornal engajado na campanha republicana. O artigo “A pátria e a dinastia, publicado no dia 20/12/1888, marca sua estreia.

1889 – Retorna à Escola Militar da Praia Vermelha, graças ao apoio de seu futuro sogro, o major Sólon Ribeiro e de seus colegas da Escola, que pedem sua reintegração.

1890 – Casa-se com Ana Emília Ribeiro.

1891 – Tira um mês de licença para tratamento de saúde. Viaja com a esposa para a Fazenda Trindade, de seu pai, localizada em Nossa Senhora do Belém do Descalvado (atual Descalvado), no interior de São Paulo. Morre sua filha Eudóxia, recém-nascida.

1892 – Conclui o curso na Escola Superior de Guerra e é promovido a tenente, seu último posto na carreira. Cumpre estágio na Estrada de Ferro Central do Brasil – trecho paulista da ferrovia, entre a capital e a cidade de Caçapava, por designação do marechal Floriano Peixoto. É nomeado auxiliar de ensino teórico na Escola Militar do Rio. Nasce seu filho Solon Ribeiro da Cunha.

1893 – Escreve artigo com críticas ao governo do marechal Floriano, cuja publicação foi negada pelo jornal “O Estado de São Paulo”. Acometido de forte pneumonia, interrompe sua colaboração com o jornal. Volta a trabalhar como engenheiro praticante na Estrada de Ferro Central do Brasil. Com a Revolta da Armada, que teve início em 06/09, seu sogro é preso. Sua mulher, Ana, refugia-se, com o filho Solon, na fazenda do sogro, em Descalvado (SP). O escritor é designado para servir na Diretoria de Obras Militares.

1894 – É punido com transferência para a cidade de Campanha (MG), por ter protestado, em cartas à “Gazeta de Notícias”, do Rio, contra a execução sumária dos prisioneiros políticos, pedida pelo senador florianista João Cordeiro, do Ceará. Nasce seu filho Euclides Ribeiro da Cunha Filho, o Quidinho.

1895 – Obtém licença do Exército, por ser considerado incapaz para o serviço militar devido à tuberculose. Vai para a fazenda do pai e se dedica às atividades agrícolas. Cansado, poucos meses após tornar-se lavrador, vai trabalhar como engenheiro-ajudante na Superintendência de Obras Públicas em São Paulo.

1896 – Mesmo desaconselhado pelo sogro, o autor desliga-se do Exército, sendo reformado no posto de tenente.

1897 – Volta a colaborar no jornal “O Estado de São Paulo”. Cobre a 4ª Expedição contra Canudos, como correspondente daquele jornal. Em seus artigos, afirma sua certeza na vitória do governo sobre os conselheristas. O presidente Prudente de Morais o nomeia adido do estado-maior do ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt. Torna-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Acompanha, de perto, toda a movimentação de tropas e faz pesquisas sobre Canudos e o Conselheiro. Em Monte Santo, em companhia do jornalista Alfredo Silva, faz incursão nos arredores da cidade, observa as plantas e minerais da região. Nas cercanias de Canudos, no dia 19/09, escreve sua primeira reportagem da frente de batalha. Antonio Conselheiro morre de disenteria em 22/09. O autor passeia pela cidade, anotando em sua caderneta de bolso, expressões populares e regionais, mudanças climáticas, desenhos da cidade e das serras da região e copia diários dos combatentes. Transcreve poemas populares e profecias apocalípticas, depois citados em “Os Sertões”. Com acessos de febre, retira-se do local, confessando, em seu último artigo para o jornal, o profundo desapontamento provocado pela visão das centenas de feridos que gemiam amontoados no chão. Retorna a Salvador (BA), em 13/10, e escreve, no dia seguinte, no álbum da médica Francisca Praguer Fróes, o poema “Página vazia”, aqui publicado. Volta ao Rio de Janeiro e, de lá, a São Paulo (SP). Após quatro meses de licença para cuidar de sua doença, viaja para Descalvado onde começa a escrever “Os sertões”.

1898 – Reassume seu cargo na Superintendência de Obras Públicas de São Paulo. Publica, em “O Estado”, o “Excerto de um livro inédito”, trechos de “Os sertões”, em que defende a tese de que o sertanejo é um forte, cuja energia contrasta com a debilidade dos “mestiços” do litoral. A ponte recém-inaugurada, construída em São José do Rio Pardo (SP), em parte sob a fiscalização do escritor, desaba, levando o biografado àquela cidade para acompanhar o desmonte. A demora nos trabalhos faz com que o escritor mude-se para aquela cidade, onde fica até 1901. Profere palestra no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sobre a “Climatologia dos sertões da Bahia”, e propõe a construção de açudes para resolver o problema das secas no Nordeste. Grande parte de “Os sertões” é escrita em São José, com a colaboração do prefeito da cidade, Francisco Escobar, que se tornara amigo do escritor.

1900 – Falece, em Belém, o General Solon Ribeiro, sogro do biografado. Finaliza, em maio, a primeira versão de “Os sertões”.

1901 – É nomeado chefe do 5º Distrito de Obras Públicas, com sede em São Carlos do Pinhal (SP), onde conclui “Os sertões”. Nasce seu filho, Manuel Afonso Ribeiro da Cunha. Assina contrato com a editora Laemmert, do Rio, a publicação de 1.200 exemplares de “Os sertões”, assumindo o compromisso de pagar a metade dos custos de edição, 1 conto e quinhentos mil réis, quase o dobro de seu salário de engenheiro.

1902 – Após um trabalho insano de revisão, “Os sertões (Campanha de Canudos)” chega às livrarias em dezembro, sendo recebido com aplausos e restrições pela crítica.

1903 – A primeira edição do livro se esgota em pouco mais de dois meses. Começa a tomar notas para a “História da revolta”, livro sobre a rebelião da Marinha, que combateu no Rio, como oficial do Exército, de 1893 a 1894. Elege-se para a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Castro Alves, e como sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Face à possibilidade de participar de expedição ao Purus, suspende a redação do livro. Vende os direitos das segunda tiragem de “Os sertões” para o editor Massow. Demite-se da Superintendência de Obras Públicas.

1904 – Participa, através de artigos publicados em jornais, do debate sobre os conflitos de fronteira. Condena o envio de tropas brasileiras para o Alto Purus e defende uma solução diplomática que permita incorporar o território do Acre. Propõe uma “guerra dos cem anos” contra as secas do Nordeste, que inclua a exploração científica da região, a construção de açudes, poços e estradas de ferro e o desvio das águas do rio São Francisco para as regiões afetadas pela estiagem. Após trabalhar alguns meses na Comissão de Saneamento de Santos, desentende-se com a diretoria e pede demissão. Sem emprego, volta a escrever no jornal “O Estado de São Paulo” e, também, em “O País”, do Rio. Dificuldades financeiras fazem-no transferir, por uma bagatela, os direitos de “Os sertões” para a editora Laemmert. É nomeado, pelo barão do Rio Branco, chefe da Comissão Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, na fronteira do Brasil com o Peru. Parte rumo a Manaus (AM) no dia 13/12.1905 – Realiza viagem heroica pelo Rio Purus, na Amazônia, chefiando missão oficial do Ministério das Relações Exteriores. Percorre cerca de 6.400 quilômetros de navegação, alguns trechos inclusive a pé. A comissão chega à foz do rio Purus em 09/04. De volta, redige, com o comissário peruano, o relatório da expedição. Embarca para o Rio no dia 18/12. Durante sua ausência, a editora Laemmert publica a terceira edição de “Os sertões”.

1906 – Com a saúde debilitada pela malária, ao chegar encontra Ana, sua esposa, grávida do cadete Dilermando de Assis. Trabalha como adido do barão do Rio Branco. Trabalha no preparo de documentação necessária à construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. A Imprensa Nacional publica “Notas complementares do comissário brasileiro” sobre a história e a geografia do Purus, incluído no “Relatório da comissão mista Brasileiro-Peruana de reconhecimento do Alto Purus”. Recusa indicação para fiscalizar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Ana dá à luz Mauro, que falece de debilidade congênita uma semana após seu nascimento. Tempos depois, afirmara ter tomado remédios abortivos tentando interromper a gravidez e que fora também impedida pelo marido a amamentar a criança, filha de Dilermando. O “Jornal do Commércio” publica “Peru versus Bolívia”. Começa a escrever “Um paraíso perdido”, livro sobre a Amazônia, que não é terminado face à morte do autor. Os originais se perderam. Toma posse, finalmente, na Academia Brasileira de Letras.

1907 – Publica “Contrastes e confrontos”, pela editora Livraria Chardron, do Porto (Portugal). Nasce Luís Ribeiro da Cunha, registrado como seu filho, mas que irá adotar, já adulto, o sobrenome Assis, de seu pai biológico Dilermando. Profere, com grande sucesso, no Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, a conferência “Castro Alves e seu tempo”.

1908 – Escreve o prefácio do livro “Poemas e canções”, de Vicente de Carvalho. Em “Antes dos versos”, expõe sua concepção da poesia moderna. Publica no “Jornal do Commércio”, a crônica “A última visita”, sobre a inesperada homenagem de um anônimo estudante a Machado de Assis em seu leito de morte. O biografado ocupa, por breve período, com o falecimento de Machado, a presidência da Academia Brasileira de Letras. Passa o cargo para Rui Barbosa. Inscreve-se no concurso para a cadeira de lógica no Ginásio Nacional (Colégio Pedro II), no Rio.

1909 – Obtém a segunda colocação no concurso. Graças à interferência junto ao presidente da República, Nilo Peçanha, do barão do Rio Branco e do escritor e deputado Coelho Neto, é nomeado para a vaga. Entrega aos editores, Lello & Irmão, as provas de “À margem da História”.Morre no dia 15 de agosto de 1909, depois de uma troca de tiros com o aspirante Dinorá e seu irmão, o cadete Dilermando de Assis. Em 1916, o segundo-tenente Dilermando de Assis, que havia sido absolvido da morte do biografado (legítima defesa), mata em um cartório de órfãos no centro do Rio, o aspirante naval Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, que tentou vingar a morte do pai. Dilermando é novamente absolvido, pelo mesmo veredicto.

Bibliografia:

1902 – Os Sertões

1907 – Contrastes e Confrontos

1907 – Peru versos Bolívia

1909 – À margem da história (póstumo)

1939 – Canudos (diário de uma expedição) (póstumo) — Reeditado em 1967, sob o título Canudos e inéditos.

1960 – O rio Purus (póstumo)

1966 – Obra completa (póstumo)

1975 – Caderneta de campo (póstumo)

1976 – Um paraíso perdido (póstumo)

1992 – Canudos e outros temas (póstumo)

1997 – Correspondência de Euclides da Cunha (póstumo)

2000 – Diário de uma expedição (póstumo)

“Os sertões” foi publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco.


1989 – Segundo turno das eleições no Brasil com vitória de Fernando Collor.
Foi uma das campanhas mais loucas deste país com mais e 20 candidatos e a maior utilização já vista da máquina midiática para desarticular o candidato do PT Sr. Luis Inácio Lula da Silva. Escândalos como a ligação do PT ao sequestro do empresário Abílio Diniz foram feias para desmerecer o PT e injetar poder ao caçados de Marajás Fernando Collor de Mello que jurava resgatar no Brasil o verde e amarelo retirando de nossa bandeira o vermelho do comunismo. Dois nomes quase estragam os sonhos de Collor um foi Leonel Brizola e o outro Silvio Santos o nosso querido homem do Baú.

1909 – o Fordismo
O norte americano Henry Ford introduz na sua fábrica de automóveis a linha de montagem para racionalizar e aumentar a produção. O novo processo, o fordismo, exige a construção de grandes indústrias e a concentração financeira, levando a formação das sociedades anônimas.

1939 – Início da II Guerra Mundial com a invasão alemã à Polônia.

1959 – Criação do ETA
Formado nos anos 60, uma das facções do movimento autonomista basco – denominado de ETA (Pátria basca e liberdade) – não tomou conhecimento das liberdades obtidas pelo povo basco desde que a ditadura do general Franco encerrou-se em 1975. O partido Herri Batasuna, que dá sustentação à facção terrorista Jarrai-Haika-Segi, repudia as hoje chamadas Comunidades Autônomas dos Países Bascos, dentro de uma Espanha federada. Querem a independência total.
Fazer do País Basco um estado-nacional como Portugal, separado do restante da península Ibérica. Os atentados que promoveram, à bomba ou a tiros, nos últimos dez anos, provocaram marchas de repudio por toda a Espanha. Milhões de cidadãos, inclusive nas principais cidades bascas, saíram às ruas para clamar por paz e protestar contra a ação desesperada e assassina do ETA, que já abateu mais de mil espanhóis.

O separatismo basco

Por concentrarem significativos investimentos ingleses e também por abrigarem uma classe empresarial empreendora e profundamente católica (um censo de 1970 apontavam o País Basco e Navarra, em toda a Espanha, como os maiores índices de frequência às missas: 71,3%), os países bascos não conheceram à época do franquismo uma repressão tão violenta como a que se abateu sobre a Catalunha e Valência. Logo depois a Guerra Civil Espanhola, de 1936-1939, casas bancárias de Bilbao, de Santander e de Biscaia, expandiram-se para o restante da Espanha, enquanto empresas bascas dedicadas ao comércio de azeite passaram quase a monopolizá-lo em todo o país.
Todavia, essa relativa tolerância (exceção feita ao idioma basco, o euskara, perseguido sem descanso pelos nacionalistas espanhóis) para com os antigos anseios autonomistas dos bascos por parte do regime franquista, não fez com que eles desistissem em manter um governo basco no exílio, na vizinha França mais propriamente.
Em 1957, um grupo de estudantes bascos, militantes do PNV (Partido Nacional Vasco), que viajaram para lá, a título de estudos, depois de entrevistarem-se com José Maria Leizaola, chefe do governo Euzkadi (Basco) no exílio, com quem se desentenderam, decidiram-se pela opção armada. Ao contrário de Leizaola, que não simpatizava com a linha da ação violenta, os jovens bascos, convertidos ao marxismo, acreditavam que com o apoio do proletariado, da nova geração que formava no estertor do franquismo, e de um clero cada vez mais combativo, era possível retomar as bandeiras do separatismo, dando-lhe uma conotação pró-socialista.
**No dia 15 de Fevereiro de 1989, os últimos destacamentos militares soviéticos, sob o comando do general Boris Gromov, atravessaram a ponte sobre o rio Amu Dária, que separava a União Soviética e o Afeganistão, pondo assim fim a uma intervenção militar que durou nove anos.


1929 – Crise de 29

O maior período de crise econômica mundial ocorreu entre os anos de 1929 e 1933. Atingiu, em primeiro lugar, a economia norte-americana, espalhando-se em seguida para a Europa e os países da África, Ásia e América Latina.Mas o que caracteriza uma crise econômica? Quais as consequências da crise de 29? E quais as causas?Uma crise econômica é, basicamente, um desequilíbrio entre produção e consumo, quase sempre localizado em setores isolados da economia. Esses desequilíbrios sempre ocorreram, mesmo antes do capitalismo, quando acontecia, por exemplo, a escassez súbita de um bem, provocada, quase sempre, por fatores naturais (secas, inundações, epidemias, etc.) ou acontecimentos sociais (guerras, revoluções, etc.).Na história do capitalismo, as crises econômicas se caracterizam, inicialmente, pelo excesso de produção em relação à demanda (há mais produtos do que consumidores dispostos a adquiri-los). Esse excesso de produção quase sempre ocorre, primeiro, no setor de bens de capital (bens que servem para a produção de outros bens, especialmente de consumo, como, por exemplo, máquinas, equipamentos, materiais de construção, instalações industriais, etc.), para depois migrar ao setor de bens de consumo (por exemplo, automóveis, eletrodomésticos, etc.). Em consequência, há uma queda brusca na produção, falência de empresas, desemprego em massa - e a consequente redução de salários, preços e lucros.


Processo cíclico
Essas crises fazem parte do processo cíclico que o desenvolvimento econômico segue - um processo cíclico dividido em várias fases.Imaginando que o processo de desenvolvimento tem uma linha de equilíbrio, a economia oscila, permanentemente, de um ponto abaixo dessa linha para um ponto acima. A economia não é, portanto, uma força estática, mas, sim, um conjunto de forças em movimento, produzindo riqueza e migrando de uma fase de recuperação para outra, de expansão, quando ocorre aumento dos investimentos, há maior número de empregos e a soma dos salários aumenta, provocando o crescimento do consumo. Surge, então, uma fase de prosperidade, o que muitos chamam de boom, uma expansão rápida e abrangente da atividade econômica.A partir desse ponto, contudo, ocorre um aumento crescente dos preços, o mercado de capitais (constituído pelas bolsas de valores e instituições financeiras - como bancos e companhias de seguros -, responsáveis pela negociação de papéis como ações e títulos diversos) se desorganiza por algum motivo, e a economia entra numa fase de contração, com as taxas de crescimento decrescendo. A atividade econômica segue, então, para um ponto abaixo da linha de equilíbrio, o desemprego retorna, a capacidade produtiva cai e os investimentos se restringem. São, portanto, flutuações periódicas e alternadas de expansão e contração da atividade econômica (em um país ou conjunto de países), e podem ocorrer com diferentes intensidades. Podem ser curtas e de rápida recuperação - ou podem se estender por anos, gerando graves problemas sociais.Crises fazem parte da economia. Sejam pequenos solavancos ou grandes terremotos, suas causas dividem os estudiosos - e suas consequências podem ser muito diferentes, pois dependem de como os governos e o próprio mercado reagem aos fatos.

Especulação, desconfiança e pânico
A crise de 1929 teve início no sistema financeiro (o segmento do sistema econômico formado pelo conjunto de instituições públicas e privadas especializadas em viabilizar a compra e venda de ações e títulos diversos), na chamada Quinta-Feira Negra, em 24 de outubro de 1929, que a história registra como um dia de pânico na Bolsa de Nova York.Era um momento de euforia, de intensa especulação na Bolsa. Quando dizemos "especulação" nos referimos às operações financeiras que visam obter lucros com a compra e venda de papéis cujo valor oscila conforme o desempenho do mercado. Os valores desses papéis estavam em um nível elevadíssimo, despropositado, fora da realidade. De repente, naquela quinta-feira, 70 milhões de títulos foram jogados no mercado, mas não encontraram quem os comprasse. Sem demanda pelos papéis, os preços das ações e dos títulos em negociação despencaram, gerando uma inacreditável onda de desconfiança, completamente irracional, e produzindo uma reação em cadeia sem precedentes.A desconfiança com os acontecimentos da Bolsa espalhou-se para outros ramos da atividade econômica, atingindo a produção. Os bancos congelaram os empréstimos, as fábricas começaram a parar por falta de crédito, a renda nacional passou a cair, a demanda se retraiu ainda mais, as empresas se viram com estoques enormes, os preços dos produtos caíram vertiginosamente e os lucros despencaram. A economia começou a ficar paralisada e, como uma bola de neve, as falências se sucederam e milhões de trabalhadores perderam os empregos.Quando a crise atingiu proporções internacionais, o comércio mundial ficou reduzido a um terço do que era antes de 1929. No Brasil, o principal efeito da crise manifestou-se na queda vertical dos preços de café, levando o governo federal a comprar grande parte das safras e destruir 80 milhões de sacas do produto, para diminuir os estoques e tentar aumentar o preço.Tentando proteger suas próprias economias, os países aumentaram as taxas alfandegárias, o que reduziu ainda mais o comércio internacional. E, em todas as economias, coube ao Estado instituir mecanismos para controlar a crise e reativar a produção.

Roosevelt e o New Deal
Nos Estados Unidos, contudo, o presidente Herbert Hoover manteve-se inflexível, preferindo deixar que o próprio mercado se regulasse, autossaneando seu desequilíbrio, uma tese defendida pelos liberais radicais, mas que provocou uma crise social sem precedentes. Só em 1933, com a eleição de Franklin Delano Roosevelt, é que se aplicou de forma contundente a intervenção do Estado na economia, por meio de um programa chamado New Deal.O New Deal (numa tradução literal, "novo acordo") surgiu com base no pensamento do economista John Maynard Keynes, segundo o qual, em determinados períodos, o Estado deve intervir na economia, regulando-a.Foi o que Roosevelt fez, intervindo em todo o sistema produtivo. Primeiro, criou um audacioso plano de obras públicas, com o objetivo de garantir empregos à população. Depois, controlou o sistema financeiro e desvalorizou o dólar, para favorecer as exportações. Também criou a Previdência Social, a fim de proteger os trabalhadores, e a Administração de Recuperação Nacional, com o objetivo de induzir os empresários a estabelecer entre si acordos sobre preços, salários e programas de produção, eliminando a livre concorrência.O controle estatal também se estendeu aos investimentos, pois os lucros das aplicações em ações, títulos ou fundos começaram a ser taxados. As horas de trabalho foram diminuídas e os salários tiveram de permanecer no mesmo patamar. Foi criado um salário mínimo nacional. Ao mesmo tempo, o governo assumiu as dívidas dos pequenos proprietários e ofereceu facilidades de crédito e prêmios para fazendeiros que alcançassem as metas de produção estabelecidas pelo Estado.Ainda que tenha sofrido severas críticas, o plano de Roosevelt fortaleceu e consolidou o sistema capitalista nos EUA. Nos anos de sua aplicação, o grande capital passou por um intenso processo de desenvolvimento e concentração, enquanto pequenas empresas eram eliminadas ou absorvidas.

Mercado insaciável
Os estudiosos divergem em relação às causas do crash (colapso súbito e total) da Bolsa em 1929 e à crise que o sucedeu. Para alguns, a economia estava superaquecida, pois os empréstimos haviam saltado de 2 bilhões de dólares (em 1926) para quase 7 bilhões em outubro de 1929. Outros apontam para a alta dependência do consumo na economia norte-americana. E há também os que chamam a atenção para o fato de que a crise da economia teria começado bem antes do crash do mercado de ações, pois a produção da indústria já se encontrava em declínio (a produção de automóveis, por exemplo, declinara de 600 mil unidades em março de 1929 para 300 mil em outubro). Se não há um consenso sobre as causas, é certo que o mercado de ações se comportava de maneira esquizofrênica, alucinada e insaciável, sem atentar para a economia real. É como se os preços das ações estivessem muito acima do efetivo valor das empresas. O dinheiro, então, era desviado da produção para reforçar ainda mais os negócios com títulos ou ações, ou seja, para reforçar a especulação. De qualquer forma, o período de 1929 a 1933 deixa uma lição: os mercados vivem crises periódicas - e se não ocorrem respostas rápidas para os problemas, essas crises tendem a se alastrar, afetando vários setores da economia e podendo alcançar um poder de destruição em massa. Mas esses momentos de colapso, cuja vocação é se repetir de tempos em tempos, nos fazem lembrar do alerta de Adam Smith: "Examine os registros históricos, reúna o que aconteceu dentro do âmbito de sua própria experiência, considere com atenção qual tem sido a conduta de quase todos os grandes desafortunados, seja na vida privada ou na pública, sobre os quais você pode ter lido, ou dos quais pode ter ouvido falar ou ter se lembrado; e descobrirá que os infortúnios, em sua grande maioria, surgiram do fato de eles não saberem quando estavam bem, quando era melhor sentarem-se tranquilos e ficar contentes".

Fontes

Manias, pânico e crashes - um histórico das crises financeiras, Charles P. Kindleberger, Editora Nova Fronteira.
Era dos extremos - o breve século XX, Eric Hobsbawm, Editora Cia. das Letras.
Novíssimo Dicionário de Economia, Paulo Sandroni, Editora Best-Seller, 2ª edição.
*Rodrigo Gurgel é escritor, crítico literário e editor de "Palavra", suplemento de literatura do Caderno Brasil do Le Monde Diplomatique (edição virtual).

Revolução islâmica de 1979
Em 1978 ocorreu o maior protesto já realizado em solo Iraniano. O povo foi às ruas para exigir o fim do governo monarquista centralizador e exigir mudanças. O governo era fortemente ligado com o ocidente, e a maioria da população islâmica pedia um governo mais ligado aos costumes e crenças locais. O cargo mais elevado do país na época era o Xá, o equivalente a rei nas monarquias ocidentais, e quem ocupava tal cargo era Reza Pahlevi, um Xá autoritário que não dava brechas para a oposição. O seu maior adversário e mais tarde o pai da Revolução Islâmica, Aiatolá Khomeini, estava exilado na França desde 1964.
Não podendo conter as manifestações, o Xá Reza Pahlevi abdicou de seu trono e deixou o país em 1979. Khomeini rapidamente volta da França e é recebido como líder político e religioso do país, agindo rapidamente para formar o país que tanto idealizara, mudando completamente a constituição e criando uma República Islâmica. Tal governo seguia a risca as regras do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, que estabelece rígidas leis sobre todos aqueles que fazem parte do Estado.
O Aiatolá Khomeini ascendeu como o “Guia Supremo”, sendo este o cargo político e religioso mais alto do Irã até hoje. Khomeini também convocou eleições para presidente. No caso, o Presidente ocuparia o poder executivo, enquanto o Aiatolá age como um mediador entre os três poderes (executivo, legislativo e judiciário).
Uma grande parcela da população buscava mudanças e via esperança de liberdades individuais na revolução islâmica, mas o que realmente encontraram foi um regime ainda mais autoritário, com um forte radicalismo religioso e conservador. Seguindo as regras do Corão, o consumo de álcool foi proibido, as mulheres tiveram que cobrir as faces e foi proibido o uso de roupas do ocidente, assim como surgiu uma forte repressão aos opositores do governo.
Os castigos corporais foram colocados em prática como punição para quem violasse os preceitos da sharia (sexo fora do casamento, consumo de álcool, adultério), e várias execuções de opositores do governo foram realizadas, assim como prostitutas, homossexuais, marxistas e judeus também foram executados. O país se tornou símbolo do autoritarismo e o isolamento para com o mundo ocidental só aumentou.
Para manter revolução islâmica, foi criado o Exército de Guardiães da Revolução Islâmica, contando, atualmente, com mais de 120.000 pessoas. Esta força militar não está inteiramente ligada ao resto das Forças Armadas do Irã, contando com suas próprias unidades navais e aéreas. O exército de guardiães é acusado de fornecer armamentos a grupos terroristas no Iraque, Líbano e Faixa de Gaza.
Em 2005, Mahmoud Ahmadinejad, membro do partido conservador, foi eleito presidente e com ele foi iniciado um programa de enriquecimento de urânio. O ocidente acusa o país de produzir armas nucleares e de planejar ataques a Israel, país que o presidente Ahmadinejad já afirmou que deveria sumir da face da terra. Contudo, as autoridades iranianas afirmam que seu programa de enriquecimento de urânio é pacífico.
Em 2009, Ahmadinejad foi reeleito, mas existem fortes suspeitas de fraudes e seus opositores e adversários organizaram uma série de protestos e manifestações, pedindo a recontagem dos votos e exigindo democracia. Contudo, o Aiatolá Ali Khamenei que sucedeu ao aiatolá Khomeini, determinou que não houve fraudes nas eleições e que Ahmadinejad era o presidente eleito, e como a palavra final pertence ao Aiatolá, não há como contestar.
Apesar do governo continuar com forte cunho autoritário, a atitude dos iranianos de protestar e a grande quantidade de votos aos candidatos mais moderados mostra que o país pode se abrir mais e se tornar menos autoritário, mas este é um processo que leva vários e vários anos e com a forte repressão do governo, a oposição terá que lutar bastante caso queira atingir as suas metas e reformar o país.

Lei de Anistia: 30 anos
Neste mês de agosto/2009, comemoramos o 30º aniversário da assinatura da Lei de Anistia, de 1979. O movimento pela Anistia – ampla, geral e irrestrita – intensificou-se no início de 1978, liderado, essencialmente, por familiares de presos políticos, mortos e desaparecidos, exilados e banidos. Com o apoio de setores progressistas brasileiros, houve ampla repercussão internacional de denúncias de atrocidades praticadas por agentes do Estado contra opositores à ditadura militar.
Tais denúncias provocaram manifestações de várias organizações mundiais ligadas aos direitos humanos e, até mesmo, países que mantinham relações com o Brasil cobraram explicações, uma vez que nosso país era signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Com o surgimento de diversos comitês espalhados por todo o país e pelo exterior em favor da Anistia política no Brasil, o movimento ganhou visibilidade, ecoando em órgãos de imprensa, ocupando praças públicas, ruas, teatros, igrejas, sindicatos. Os parlamentares autênticos do MDB (até então, só havia dois partidos políticos no Brasil, criados pela própria ditadura) apoiaram a luta pela Anistia e, no Parlamento, travaram uma enorme batalha. No ano de 1979, um senador da Arena, partido da ditadura, incorporou essa luta também como sua.
O governo, tentando barrar o crescimento desse movimento, tomou a iniciativa de elaborar uma lei restritiva que não beneficiasse os presos da luta armada – chamados, na ocasião, de terroristas pela ditadura. Exatamente os presos que se encontravam nos diversos presídios espalhados por todo país, apenados, muitos deles, com penas de prisão perpétua, de 100 anos ou mais de reclusão. Eles eram expostos pela imprensa, de maneira geral, como assassinos, assaltantes e outras derivações, que “precisavam” ficar de fora de uma Lei de Anistia.
O Projeto de Lei encaminhado ao Congresso foi rechaçado pelo movimento de Anistia, que passou a exigir, no Brasil e no exterior, a sua ampliação, para abrigar todos, inclusive com a localização dos presos políticos desaparecidos e mortos pela repressão do Estado, e a punição dos agentes que cometeram tortura.
Ao tentar se antecipar à ampliação da luta pela Anistia, lançando um Projeto de Lei restritivo, o Estado ditatorial se deparou com uma ampla mobilização da sociedade, exigindo imediata solução para suas postulações políticas. Dessa forma, a ditadura criou mecanismos para que essa mobilização popular cessasse e fez manipulação da lei 6683, inserindo duas figuras jurídicas:
· a declaração de ausência para “opositores” que não estavam localizados (os presos assassinados e desaparecidos), ou seja, uma tentativa de ocultar os crimes cometidos pelos agentes do Estado e “legalizar” a situação dos desaparecidos;
· e a expressão crimes “conexos”, cuja interpretação é, ainda hoje, motivo de muito debate.
Reação
Os presos políticos entraram em greve de fome por tempo indeterminado, em protesto contra o anteprojeto de lei de Anistia acima indicado. A greve de fome comoveu a sociedade brasileira e ampliou o leque de solidariedade à luta pela Anistia.
Com a assinatura da Lei de Anistia, 28 de agosto de 1979, os presos políticos resolveram terminar a greve de fome, considerando-a vitoriosa sob o ponto de vista político, e denunciaram o caráter restritivo da lei aprovada.
A Lei de Segurança Nacional foi reformada, com a redução das penas dos presos políticos. Eles foram sendo, aos poucos, beneficiados com liberdade condicional, dando a falsa impressão que a Anistia os tinha alcançado. Qual nada: além dos direitos políticos cassados por 10 anos, esses presos foram obrigados a comparecer, semanalmente, nas auditorias militares para assinarem boletins de localização.
Passados 30 anos, posso citar que a Lei de 1979 foi importante em alguns aspectos.
· A Lei de Anistia foi conquistada na luta, na praça, com a garra de um povo que, mesmo com medo, saiu às ruas para gritar por liberdade.
· Houve o retorno de um grande contingente de exilados políticos espalhados pelo mundo afora, muitos deles de imenso valor intelectual e político, que chegavam para contribuir e se somar à luta pela democratização do país.
· Foi iniciada a apuração do que aconteceu com os presos políticos mortos e desaparecidos, assassinados de maneira cruel e covarde.
A sociedade brasileira contabilizou muitas perdas durante a ditadura militar: a censura imposta durante 20 anos, com o povo brasileiro vivendo em uma ilha da fantasia à margem de qualquer contribuição no sentido do avanço e do desenvolvimento do país; o desconhecimento da capacidade de reação e mobilização popular, pela falta de sonhos e perspectivas; e, a pior delas, a instituição da tortura como prática diária e a impunidade dos agentes do Estado, o que reflete, hoje, nos presos comuns que são amontoados nas prisões e delegacias nesse imenso país.
Brasil comparado a outras nações
Na América, os exemplos de anistias foram diversificados. Algumas foram promovidas após a tomada do poder por revoluções vitoriosas, como o caso da Nicarágua. Nesses casos, os torturadores foram julgados pela Justiça e seus nomes e rostos expostos à população.
No chamado Cone Sul – Brasil, Uruguai, Argentina e Chile –, o processo tem avançado gradualmente. O envolvimento popular na luta, na Argentina, por exemplo, tem proporção infinitamente maior do que no Brasil, o que se reflete nas decisões tomadas por governantes e pela Justiça, que redundam nas recentes punições de torturadores e até mesmo no fechamento da Justiça Militar. Mas lá, como aqui, ainda há muito a caminhar.
No Brasil, existem inúmeras publicações nas quais se vê nomes de torturadores. Vários livros e filmes foram produzidos ao longo desses 30 anos, tornando inequívoca a denúncia da existência da tortura e dos torturadores como política oficial do Estado.
A importância da abertura dos arquivos
A verdade dos fatos só surgirá com a abertura dos arquivos. Eles trarão ao conhecimento público não só o esclarecimento sobre a morte e o desaparecimento de prisioneiros políticos, como também as perseguições impostas aos opositores, suas famílias, bem como os vilões que se escondiam atrás dos serviços de segurança. A cultura de ocultar o nome de quem pratica atrocidades é um estímulo à impunidade que leva ao arbítrio e que deve ser rechaçada com vigor.

Reparação
A reparação de atingidos e perseguidos pela ditadura vem sendo aperfeiçoada, tendo sido inserida no art. 8º das disposições transitórias da Constituição de 1988 e normatizada pela lei 10559/02, que determina a forma de reparar atingidos. Essa lei determina a competência da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça para análise e concessão das reparações.
Os atingidos que se enquadram nas situações previstas na lei podem ingressar com seus requerimentos que, após analisados, são encaminhados aos conselheiros que emitirão pareceres em forma de julgamento, em sessões previamente publicadas no Diário Oficial da União. Nem sempre as decisões contemplam a expectativa do requerente. Todos os requerimentos, independentemente da influência política as pessoas atingidas, serão apreciados.
O Estado Democrático Brasileiro, por meio dessa Comissão, tem se esforçado no sentido de acelerar a resolução desses requerimentos e faz parte, nos requerimentos aprovados, o pedido oficial de desculpas pelo sofrimento causado pelos agentes do Estado ditatorial.
Essa Comissão, acusada sistematicamente de “distribuir bolsas-ditadura”, na verdade decide sobre a reparação aqueles que foram perseguidos, presos e torturados, banidos e exilados. No máximo se pode dizer que essa é uma “bolsa democracia”.
É significativo para todos nós que participamos da construção da luta pela Anistia que, neste 30º aniversário da Lei de Anistia/79, a comemoração tenha sido promovida pelo governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça. Esse é mais um passo que fortalece a luta pela democracia plena. Mas só conquistaremos essa democracia quando os crimes até hoje impunes forem conhecidos pela população do país, para que não ocorram nunca mais.
Por Ana Maria Muller, advogada reconhecida pela luta a favor dos direitos humanos.

Centenário de nascimento de D. Hélder Câmara
Dom Hélder Câmara: sinônimo de justiça e paz
Artigo do Messias Pontes para 04.02.09

Os amantes da justiça e da paz, em todo o mundo, e em especial no Nordeste brasileiro, comemoram com entusiasmo o centenário do cearense mais ilustre do século XX. Trata-se de Dom Hélder Pessoa Câmara, nascido em Fortaleza no dia 7 de fevereiro de 1909, 11º filho de uma família de classe média.

Aquele menino pequeno e franzino entrou no Seminário Diocesano de Fortaleza com 14 anos de idade, sendo ordenado padre aos 22 anos, no dia 15 de agosto de 1931, com autorização especial do Vaticano, pois não possuía a idade mínima exigida. Desde cedo demonstrou interesse pelo trabalho com os mais humildes e excluídos da sociedade, tendo fundado, no mesmo ano da sua ordenação, a Legião Cearense do Trabalho, e, dois anos depois, a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava as lavadeiras, engomadeiras e empregadas domésticas.

Em 1936, o padre Hélder transferiu-se para o Rio de Janeiro, dedicando-se às atividades apostólicas. Aos 43 anos foi ordenado bispo, sendo nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1952. Em 27 de agosto de 1999, este extraordinário pequeno-grande deixou de respirar o ar poluído pela hipocrisia e pelo capitalismo, e foi buscar noutra dimensão o ar puro da verdade, da solidariedade, da justiça e da paz.

Estes dados iniciais, com todas as minúcias, destinam-se a um certo desembargador do Tribunal Regional do Trabalho, da 7ª Região, que disse não saber quem era Dom Hélder Câmara. Isto para justificar a injustificável retirada do nome daquele sacerdote do prédio anexo ao Fórum Autran Nunes, no Centro da capital cearense, para colocar o do seu pai já falecido, como ele desembargador. Indignada, a desembargadora Dulcina Palhano retirou-se em sinal de protesto. A reação de vários segmentos da sociedade foi tamanha que a decisão foi revogada pelo mesmo placar de quatro a três.

Dom Hélder foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), tendo destacada atuação no Concílio Vaticano II, oportunidade em que foi um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, que teve forte influência na Teologia da Libertação.

Ao chegar à capital pernambucana em 1964 para assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, foi recepcionado por uma multidão, mas também por oficiais do 4º Exército que lhe apresentaram uma lista de religiosos – padres, freiras e leigos – que deveriam ser transferidos para bem longe. Ao receber a lista, Dom Hélder ironizou, afirmando que faltava um nome. Logo um general perguntou: mas quem? E ele respondeu: o de Dom Hélder Câmara.

Se os generais golpistas já olhavam para Dom Hélder com desconfiança, em função das suas posições progressistas e, principalmente o seu compromisso explícito com os excluídos da sociedade, a partir daquele momento passaram a odiá-lo, impedindo-o até de ter acesso aos meios de comunicação de massa para divulgar as suas mensagens durante todo o período ditatorial, encerrado em 15 de março de 1985. Mesmo as emissoras católicas em todo o País eram proibidas até de citar o seu nome.

Lembro-me bem de quando comecei a trabalhar no MEB-Fortaleza (Movimento de Educação de Base), no final da década de 1960. Havia um flanelógrafo ao lado do estúdio da Rádio Assunção Cearense com as determinações baixadas pelo diretor da emissora, radialista Geraldo Fontenele, onde se destacava a proibição de pelo menos citar o nome de Dom Hélder Câmara, Dom Antonio Fragoso (bispo de Crateús), Dom José Maria Pires, também conhecido por Dom Pelé por causa da sua cor (bispo da Paraíba) e até mesmo do general da ativa do Exército, o cearense Albuquerque Lima porque este era contra a ditadura militar. Porém a recomendação maior era para Dom Hélder.

Tive o privilégio de passar uma manhã de sábado com ele em Olinda, em 1970, levado pelo conterrâneo e amigo padre Oliveira Rocha, então vigário da paróquia de Jardim São Paulo, em Recife. Ele demonstrou estar feliz por receber um conterrâneo que comungava com ele da mesma luta pelas liberdades democráticas e por uma sociedade sem exploradores e explorados, sem analfabetismo, sem prostituição, sem fome, sem miséria, onde todos tenham o sagrado direito a todos os direitos, inclusive à informação sem manipulação.

Depois de muito tempo de conversa, Dom Hélder foi me mostrar a parede externa do quarto onde dormia, toda perfurada de balas de metralhadora. “Foram nossos irmãos equivocados do Exército, mas eles não me amedrontam. Eles já tiveram muitas oportunidades, mas não têm coragem de me matar por causa da repercussão internacional”, disse ele com um sorriso encantador. Aliás, o seu sorriso era sempre encantador. Ele conquistava as pessoas pelo coração e pelo sorriso. Era uma pessoa ímpar. Impressionante!

Ao exigir a abertura democrática no Brasil e denunciar, aqui e lá fora, os crimes da ditadura militar, os generais golpistas passaram a persegui-lo e até ameaçá-lo de morte. Sua casa em Olinda – a sacristia da igreja – foi metralhada em 1970 como forma de amedrontá-lo, mas Dom Hélder continuava mais firme ainda na defesa da democracia e dos direitos humanos.

Ele celebrava a missa diariamente pela manhã. Ao terminar, pedia ao sacristão que levasse para tomar café com ele os mendigos que estivessem por perto. Tratava-os todos como irmãos e com muito carinho. Costumava dizer que “quando dou pão aos pobres, chamam-me de santo, mas quando pergunto pelas causas da pobreza, chamam-me de comunista”.

Pela sua incansável luta em defesa da justiça e dos direitos humanos, Dom Hélder teve seu nome quatro vezes indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz. No entanto foi preterido as quatro vezes em função das pressões dos militares colonizados e golpistas que se utilizavam de empresários venais e reacionários como o dono do jornal O Estado de São Paulo, Júlio Mesquita, que foi a Oslo pressionar o comitê designado pelo parlamento norueguês para retirar o nome do pequeno-gigante cearense dos concorrentes do Nobel da Paz.

Dom Hélder escreveu mais de uma dezenas de livros que foram traduzidos em diversos idiomas, entre eles o espanhol, inglês, francês, alemão, japonês, coreano, italiano, norueguês, sueco, dinamarquês, holandês e finlandês. Além disso, ele recebeu 32 títulos de Doutor Honoris Causa e 24 prêmios dos mais diversos órgãos internacionais, e 30 títulos de cidadania em municípios brasileiros. Se vivo fosse, certamente teria ido a Belém (PA) participar do Fórum Social Mundial.

Por toda sua luta em defesa da verdade, da justiça e da paz (sem justiça não há paz, costumava enfatizar), pelas perseguições sofridas e pela coragem com que enfrentou os “poderosos”, Dom Hélder Câmara merecia um monumento em cada cidade, em cada bairro deste País. Infelizmente somente a paróquia de Santo Afonso, no bairro Parquelândia, comandada pelo padre Geovane, ergueu uma estátua dele em frente à igreja.

A programação em Recife para comemorar o centenário de nascimento deste gigante amante da liberdade, da justiça e da paz é das mais extensas, compreendendo não só o 7 de fevereiro, mas todo o ano de 2009. A Prefeitura Municipal de Fortaleza e o Governo do Estado do Ceará - como bem disse em artigo publicado na semana passada no jornal O Povo o médico e ex-vereador por Fortaleza José Maria Pontes - estão devendo um memorial em homenagem a Dom Hélder Câmara na capital cearense.

Antônio Conselheiro / Patativa do Assaré
Centenário de nascimento de PatativaCada um na vida tem O direito de julgar Como tenho o meu também Com razão quero falar Nestes meus versos singelos Mas de sentimentos belos Sobre um grande brasileiro Cearense meu conterrâneo, Líder sensato espontâneo, Nosso Antônio Conselheiro. Este cearense nasceu Lá em Quixeramobim, Se eu sei como ele viveu Sei como foi o seu fim, Quando em Canudos chegou Com amor organizou Um ambiente comum Sem enredos nem engodos, Ali era um por todos E eram todos por um. Não pode ser justiceiro E nem verdadeiro é O que diz que o Conselheiro Enganava a boa fé, O Conselheiro queria Acabar com a anarquia Do grande contra o pequeno, Pregava no seu sermão Aquela mesma missão Que pregava o Nazareno. Seguindo um caminho novo Mostrando a lei da verdade Incutia entre o seu povo Amor e fraternidade, Em favor do bem comum Ajudava a cada um, Foi trabalhador e ordeiro Derramando o seu suor, Foi ele o líder maior Do nordeste brasileiro. Sem haver contrariedades Explicava muito bem Aquelas mesmas verdades Que o santo Evangelho tem, Pregava em sua missão Contra a feia exploração E assim, evangelizando, Com um progresso estupendo Canudos ia crescendo E a notícia se espalhando. O pobrezinho agregado E o explorado parceiro Cada qual ia apressado Recorrer ao Conselheiro E o líder recebia Muita gente todo dia, Assim fazendo seus planos Na luta não fracassava Porque sabia que estava Com os direitos humanos. Mediante a sua instrução Naquela sociedade Reinava paz e união Dentro do grau de igualdade, Com a palavra de Deus Ele conduzia os seus, Era um movimento humano De feição socialista, Pois não era monarquista Nem era republicano. Desta forma na Bahia Crescia a comunidade E ao mesmo tempo crescia Uma bonita cidade, Já Antônio Conselheiro Sonhava com o luzeiro Da aurora de nova vida, Era qual outro Moisés Conduzindo seus fiéis Para a terra prometida. E assim bem acompanhado Os planos a resolver Foi mais tarde censurado Pelos donos do poder, O tacharam de fanático E um caso triste e dramático Se deu naquele local, O poder se revoltou E Canudos terminou Numa guerra social. Da catástrofe sem par O Brasil já está ciente, Não é preciso eu contar Pormenorizadamente Tudo quanto aconteceu, O que Canudos sofreu Nós guardamos na memória Aquela grande chacina, A grande carnificina Que entristece a nossa história. Quem andar pela Bahia Chegando ao dito local Onde aconteceu um dia O drama triste e fatal, Parece ouvir os gemidos Entre os roucos estampidos E em benefício dos seus No momento derradeiro O nosso herói brasileiro Pedindo justiça a Deus.

1999 – Crise do Real / Relação com a Crise Mundial

Economia mundialA economia mundial vive uma recessão, comprovada por diferentes indicadores e localizada principalmente nos países industrializados, cuja atividade econômica deve se retrair em 2009 e se manter bastante tímida ainda em 2010. Os países emergentes, menos atingidos mas não imunes, devem também passar por uma desaceleração significativa de suas economias. Prova inequívoca desses movimentos é a queda da inflação por todos os lados, com redução de preços dos produtos comercializados nos mercados internacionais, incluindo o petróleo.Políticas incisivas têm sido adotadas pelos governos de todo o mundo. Desde diminuição de juros e programas maciços de apoio a instituições financeiras, a ampliação de despesas públicas e outras formas de estímulo à atividade produtiva, ninguém está esperando o mercado voltar ao equilíbrio por modo próprio. É impressionante o conjunto de medidas fiscais tomadas desde setembro. Dada a gravidade da crise e o pavor de uma depressão, os governos pouco parecem se importar com os comentários de que seriam iniciativas anacrônicas ou incoerentes com os discursos e práticas das duas décadas anteriores.As expectativas foram se deteriorando muito nos últimos quatro meses e, junto com o processo de desalavancagem – as instituições financeiras vão diminuindo suas carteiras de papéis e emprestando cada vez menos –, despencaram os preços dos ativos financeiros e o crédito. As projeções são de que os juros continuem a cair ao longo de todo o ano e que isso talvez não seja suficiente para promover a retomada dos investimentos e o fim da recessão.Com tudo isso, as famílias nos países mais desenvolvidos também perderam parte de sua riqueza e a consequência óbvia é uma retração do consumo. Então, nos países ricos, os sistemas financeiros devem encolher e se reestruturar, as empresas ainda não têm no horizonte previsões para uma retomada dos investimentos e da produção, o consumo se retrai e as importações que eles fazem do resto do mundo vão diminuir.Entre os emergentes, a situação é bastante diversa, pois foram atingidos em intensidade e em forma diferenciadas pela crise. Assim, o grau de desaceleração ou recessão, se houver, nesses países vai depender de como foram afetados, das ações implementadas por seus governos para fazer face à crise e da capacidade de recuperação de suas economias, vinculada à vulnerabilidade externa do país e à estabilidade doméstica.Dura realidade para todos os emergentes foi – e ainda é – o enxugamento do crédito e a consequente interrupção do ingresso de capitais estrangeiros em suas economias. Outra faceta nefasta é o encolhimento do comércio mundial: menos exportações destinadas aos EUA, Europa, Japão e China fazem muita diferença para qualquer país presente no mercado internacional.Ainda que haja essa restrição – ou piora – nas contas externas dos emergentes, o desempenho de alguns desses países está projetado, por instituições financeiras, em níveis bastante elevados para tempos de crise. Por exemplo, estima-se para a China crescimento do PIB superior a 8% em 2009 e 2010; e para a Índia, algo na casa dos 6% nos dois anos. Para a América Latina, as projeções são bem mais modestas e ficam na casa dos 2%. Especialmente os países produtores de petróleo devem sentir o aperto. A crise deve continuar a afetar a região pelos mesmos canais que estiveram ativos até agora: diminuição do comércio externo, piora nos preços dos produtos de exportação, menor ingresso de capitais de fora.Tendo em vista todos esses fatores, é óbvio que os tempos serão bicudos, mas é também evidente que, até agora, nada permite dizer que uma recessão esteja em curso entre os emergentes. Ademais, os países com maior solidez nos fundamentos macroeconômicos e mercados internos fortes estariam, de alguma forma, menos expostos aos desdobramentos da crise nos países mais industrializados.Ministério da fazenda age para manter o crescimentoLogo quando as coisas foram piorando, em setembro, muitos acusaram o governo brasileiro de demora em reagir. O fato é que uma grande quantidade de iniciativas foi lançada para fazer oposição aos efeitos da crise.Começando pelos primeiros e mais importantes efeitos sobre o crédito, as autoridades econômicas, comandadas pelo Ministério da Fazenda, foram liberando recursos que ficariam disponíveis para os bancos emprestarem entre si e para o público. Essas medidas foram, em vários casos, vinculadas à ampliação do crédito de setores específicos ou à compra de carteiras de uma instituição financeira por outra, de maneira a evitar quebras.Para enfrentar a escassez de crédito para exportadores, o BC passou a realizar leilões de dólares com compromisso de recompra da moeda. É uma forma de disponibilizar dólares às instituições financeiras, para que possam financiar as exportações brasileiras. O governo criou também uma linha internacional para financiar atividades exportadoras.Foram ampliadas as modalidades pelas quais o BC pode socorrer as instituições financeiras em dificuldades, tanto comprando parte de suas carteiras, como interferindo em sua administração.A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil foram autorizados a comprar participações de instituições financeiras sem passar por processo de leilão. A Caixa também ampliou a disponibilidade de recursos para capital de giro para empresas de construção, da mesma forma que instituições que recebem depósitos de poupança foram autorizadas a ampliar o crédito para o setor.Ainda na seara dos bancos públicos, Banco do Brasil e BNDES disponibilizaram linhas de financiamento a diferentes tipos de atividades como agricultura, pequenas e médias empresas, automobilísticas, etc.Outro conjunto importante de medidas relacionou-se com a redução de impostos. Essas ações representam uma renúncia fiscal elevada, de mais de R$ 8 bilhões, e confirmam a preocupação do governo em manter o consumo doméstico.Isso blinda o País e promove um crescimento autárquico? Não necessariamente. Primeiro, em alguns casos, as medidas precisam ser aprovadas e passar de fato à implementação. A liberação do compulsório e as outras disponibilidades de recursos não garantem, per se, que os bancos vão ampliar o crédito e ainda muito menos que eles diminuam seu custo. Em tempos de incertezas e desconfianças, o risco assume um preço cada vez mais alto. O mercado financeiro mais concentrado e a situação adversa dão aos bancos conforto para se protegerem ainda mais. Com relação às medidas fiscais, elas também demoram a fazer efeito. Não há dúvida, porém, que a ação do governo brasileiro tem sido incisiva e bastante criativa.O papel dos mercados financeiros e a formação de expectativasOs mercados financeiros são do mal e os setores produtivos são do bem? Não é nada simples, como parece. Existe uma relação íntima entre os dois, evidentemente. As instituições financeiras deveriam financiar as atividades produtivas e possibilitar, por essa via, que os investimentos caminhem à frente da própria produção e, com isso, permitir um crescimento maior. Isso é o que aprendemos nos livros e o que ocorre quando há estabilidade.No Brasil, quase nunca tivemos essas condições presentes ao mesmo tempo. Estávamos caminhando para isso quando a crise chegou. A concessão de crédito cresceu muito em 2008, porém, com a redução de renda, aumento do desemprego e aumento da inadimplência, o quadro está mudando substancialmente.Quanto ao mercado de capitais, a boa fase do Brasil nos anos passados permitiu ganhos estrondosos a investidores. Eram eles irreais? Em que medida o movimento especulativo é responsável pelas perdas acentuadas de agora? É difícil responder ao certo. O mercado de capitais forma preços com base em informações concretas, em interpretações destas informações e nas expectativas. É bem verdade que as oscilações são, muitas vezes, abruptas demais, que esses preços são voláteis e que muita gente ganha com boatos e comportamentos histéricos. Em um quadro conturbado como o que vivemos nos últimos meses, e provavelmente nos próximos, esse vai-e-vem exacerbado não deve cessar. A volta da confiança é um processo lento, ainda impossível de projetar em meio a uma recessão internacional.O mercado financeiro foi, ao longo de 2008, revendo para baixo suas projeções para o PIB brasileiro em 2009. As informações consolidadas pelo BC no boletim Focus mostram que as instituições financeiras estimavam, em setembro, que o Brasil cresceria a 3,7%, taxa que foi a 2,5% nas projeções de dezembro, com a produção industrial crescendo 3%. Ou seja, apesar de o trajeto estar sendo feito com freio de mão puxado, esses não são valores que se possa chamar de recessivos. Cresce menos, mas cresce. E a uma taxa aceitável para tempos de crise.

Carmem Miranda e o papel na identidade nacional e regional
Centenário de nascimento da cantora
Na década de 1930, assistiu-se à construção, no Brasil, de uma nova versão da identidade nacional, na qual vários elementos que representavam as camadas populares da população foram incorporados a ela, ocorrendo, ao mesmo tempo, sua massificação[1][1]. Vivia-se um momento de intensa renegociação da identidade nacional, que tinha como agentes o Estado e diversos grupos sociais, entre os quais estavam os segmentos populares urbanos, que acabaram por exercer importante papel nessa nova construção, trazendo diversas representações de suas identidades para a reconfiguração da identidade nacional.
Nesse contexto, é de grande importância o caso de um ídolo popular da época: Carmen Miranda, que, além de ter se tornado a mais famosa cantora daqueles tempos, chegando até a representar o Brasil no exterior, trouxe a público uma série de representações que acabaram sendo incorporadas à identidade nacional. Neste sentido, ao mesmo tempo que Carmen tentava se apresentar como uma síntese do Brasil[2][2], era identificada como tal por amplos segmentos de seu público[3][3] e, inclusive, contou, em certa medida, com apoio do Estado para as representações que divulgava (se não o tivesse, o próprio governo não teria patrocinado a ida do Bando da Lua, que acompanhava Carmen, para os Estados Unidos).
Sabe-se que, nos processos de renegociação da identidade nacional, sempre se envolvem uma série de agentes, e esses agentes têm determinados interesses, em função dos quais lutam para que determinadas representações sejam tomadas como nacionais. Dessa maneira, como afirma Roger Chartier, apesar de se proporem uma aproximação com a realidade, as representações sempre são influenciadas pelos interesses de grupo que a produzem.
As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universalidade, de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem o utiliza. As percepções do social não são, de forma alguma, discursos neutros: produzem estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas escolhas e condutas. Por isso, esta investigação sobre as representações supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de concorrências e de competições cujos desafios se enunciam em termos de poder e de dominação[4][4].
A identidade nacional, composta por diversas representações e entendida como sentimento e ideia de pertencimento a uma entidade mais ampla que a local, foi explicada por Benedict Anderson como:
uma comunidade política imaginada – e imaginada como implicitamente limitada e soberana. Ela é imaginada porque nem mesmo os membros das menores nações jamais conhecerão a maioria dos seus compatriotas, nem os encontrarão, nem sequer ouvirão falar deles, embora na mente de cada um esteja viva a imagem de sua comunhão [...] é imaginada como limitada, porque até mesmo a maior delas, que abarca talvez um bilhão de seres humanos, possui fronteiras finitas, ainda que elásticas, para além das quais encontram-se as outras nações. Nenhuma nação se imagina coextensiva com a humanidade. [...] É imaginada como soberana, porque o conceito nasceu numa época em que o Iluminismo e a Revolução estavam destruindo a legitimidade do reino dinástico hierárquico divinamente instituído. [...] é imaginada como comunidade porque, sem considerar a desigualdade e exploração que atualmente prevalecem em todas elas, a nação é sempre concebida como um companheirismo profundo e horizontal. Em última análise, essa fraternidade é que torna possível, no correr dos últimos dois séculos, que tantos milhões de pessoas, não só se matem, mas morram voluntariamente por imaginações tão limitadas[5][5].
Essa comunidade imaginada se identifica a partir de uma série de símbolos. Existe uma check list, um código de símbolos internacionais que define o que todas as nações devem ter: uma história estabelecendo a continuidade da nação; uma série de heróis modelos dos valores nacionais; uma língua; monumentos culturais; um folclore; lugares memoráveis e uma paisagem típica; uma mentalidade particular; identificações pitorescas – costumes, especialidades culinárias ou animal emblemático[6][6]. Tais símbolos não são apenas uma superficial lista de adornos, mas são essenciais para a autorrepresentação das pessoas que se identificam com a nação.
Carmen Miranda apresentou, nas canções que interpretava e em sua própria imagem, diversas representações de uma check list, dentre as quais focalizaremos as de caráter regional[7][7].
Identidade nacional e regional nas canções interpretadas por Carmen
O período que se estende entre o começo da I Guerra e o final da II Guerra Mundial marcou o extremo do nacionalismo em todo o mundo[8][8]. No Brasil, além da inserção nesse contexto, a conjuntura política também influenciou essa tendência. Diferentemente da República Velha, que teve o federalismo como característica, a política que se instalou após a Revolução de 30 tendeu ao centralismo e, consequentemente, valorizou a identidade nacional em detrimento das regionais. O Estado autoritário que começava a se instaurar a partir de então teve uma importante atuação, em nível cultural, para a construção de uma nova identidade nacional. Maria Helena Capelato, ao analisar a influência das ideias fascistas nos regimes de Vargas e Perón, afirma que elas circularam pela América Latina entre as décadas de 30 e 40, influindo especialmente em dois aspectos: no desenvolvimento do nacionalismo e na emergência do Estado autoritário, o que acabou por repercutir amplamente no campo da cultura nacional[9][9].
O desenvolvimento de um novo meio de comunicação – o rádio – foi fundamental na construção dessa nova identidade, tendo sido utilizado largamente pelo Estado para esse fim. Foi justamente nos anos 30 que se massificaram, no Brasil, o rádio e a identidade nacional, sendo que ambos os processos de massificação estiveram intimamente associados. Em 1937, havia 63 estações de rádio e 357.921 aparelhos no Brasil, e nos primeiros anos do Estado Novo esse número duplicou[10][10]. O potencial desse meio de comunicação é afirmado na canção “Cantores de rádio”[11][11], marcha de Alberto Ribeiro, Josué de Barros e Lamartine Babo, interpretada por Carmen e Aurora Miranda, em 1936, numa estrofe que expressa muito bem sua influência:
Nós somos as cantoras do rádio
Nossas canções cruzando o espaço azul
Vão reunindo num grande abraço
Corações de norte a sul
O poder do rádio está associado à grande distância que poderia alcançar num mesmo instante. Isto ia ao encontro da necessidade da política getulista de unir, simultaneamente, corações de norte a sul, ou seja, unir a nação, de uma forma quase mágica, fazendo com que a própria voz de Vargas e a de cantores, como Carmen Miranda – que representavam não mais as regionalidades da República Velha, mas a nação brasileira unida através de uma identidade comum –, agora fossem ouvidas por todos os brasileiros.
Em pleno auge da censura política do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), em 1940, Carmen gravou “Recenseamento”, de Assis Valente.

Em 1940 lá no morro começaram o recenseamento
E o agente recenseador esmiuçou a minha vida, foi um horror
E quando viu a minha mão sem aliança
Encarou para a criança que no chão dormia
E perguntou se meu moreno era decente
E se era do batente ou era da folia

Obediente, sou a tudo o que é de lei
Fiquei logo sossegada e falei então
O meu moreno é brasileiro, é fuzileiro
E é quem sai com a bandeira do seu batalhão
A nossa casa não tem nada de grandeza
Mas vivemos na pobreza sem dever tostão
Tem um pandeiro, tem cuíca e um tamborim
Um reco-reco, um cavaquinho e um violão

Fiquei pensando e comecei a descrever
Tudo, tudo de valor que meu Brasil me deu
Um céu azul, um Pão-de-Açúcar sem farelo
Um pano verde-amarelo
Tudo isso é meu
Tem feriado que pra mim vale fortuna
A Retirada de Laguna vale um cabedal
Tem Pernambuco, tem São Paulo e tem Bahia
Um conjunto de harmonia que não tem rival

A letra desse samba remete ao discurso oficial, que tentava, entre outras coisas, restringir as rivalidades regionais, pensando as identidades regionais como um conjunto de harmonia. Conforme Adalberto Paranhos, no entanto, ele vinha recheado de ironia. No seu entender, apesar do intervencionismo e da censura estatal, houve espaço para que outras versões sobre a nação brasileira fossem construídas, driblando a própria censura do Estado Novo, o que mostra a diversidade de agentes envolvidos na negociação sobre a identidade nacional. Como afirma:
Sem pretender negar a adesão espontânea, forçada ou interessada de muitos compositores populares à cantilena estado-novista, o que se percebe, em dezenas de registros fonográficos do período, é que, apesar dos pesares, o coro dos diferentes jamais deixou de se manifestar, de modo mais ou menos sutil, conforme as circunstâncias[12][12].
Dessa forma, Paranhos refere-se à canção “Recenseamento” como um exemplo. Nela, Assis Valente teria como que zombado do pensamento dominante no Estado Novo, que propagava as excelências do “Brasil novo”. Para tanto, o autor recorreria ironicamente à representação de uma mulher pobre, que, incomodada pelo agente recenseador, fala de tudo de bom que o seu Brasil lhe deu, enquanto continua vivendo na pobreza.
Seja como for, nessa canção Pernambuco, São Paulo e Bahia são apresentados, não em divergência com o Brasil, mas em plena harmonia com este. E estes três estados não foram escolhidos aleatoriamente para serem citados. Eles representam, exatamente, extremos da diferença cultural entre as regionalidades brasileiras.
Essa harmonia que uniria os estados da federação é representada frequentemente nas músicas interpretadas por Carmen no final da década de 30. É o caso de “Diz que tem”, samba-batuque de Vicente Paiva e Anibal Cruz, também gravado em 1940. Esta composição, destituída de ironia, apresenta uma união harmônica das diversas regionalidades, conforme era de interesse do Estado Novo.
Cantei em São Paulo, cantei no Pará
Tomei chimarrão e comi vatapá
Eu sou brasileira, meu it revela
Que minha bandeira é verde e amarela

Temos, nessa canção, novamente, uma relação íntima entre São Paulo, Pará, Rio Grande do Sul (representado pelo chimarrão) e Bahia (representada pelo vatapá) e a nação brasileira. Dá-se a ideia de que a união de todas as culturas regionais é necessária para a construção da cultura nacional e que a nacionalidade não exclui nenhuma regionalidade, colocando-se em primeiro plano em relação a elas.
Defrontamo-nos, então, com um problema: apesar da harmonia entre os estados, qual deles teria legitimidade para ter seus símbolos representados como nacionais? Uma nação não pode ser apenas o somatório de várias regionalidades. Ela necessita de símbolos unitários que se sobreponham aos regionais e que representem a nação em todas as suas regiões, justificando a união dos vários estados. Na busca de uma unidade nacional, ao mesmo tempo que se aceitavam as identidades regionais, era necessário encontrar símbolos unos, os quais servissem para toda a nação.
Nesse contexto, foram eleitos alguns símbolos regionais para a definição da identidade nacional. Assim, estes se tornaram, além de representantes da região de origem, também da nação. E quais seriam estes símbolos? A centralização política se deu no Rio de Janeiro, sendo lógico que esta região tivesse certa preferência na definição de símbolos nacionais. E o Rio, realmente, ocupava um lugar de destaque nas músicas que Carmen interpretava. Isto se mostra bem em “O samba e o tango”, composta por Amado Regis e gravado por Carmen em 1937. Nesta canção a parte em espanhol tem a estrutura musical do tango, enquanto que a parte em português tem a dicção do samba.
Se habla castellano e num fandango
O argentino canta tangos,
Ora lento, ora ligeiro
Pois eu canto e danço sempre que possa
Um sambinha cheio de bossa
Eu sou do Rio de Janeiro!

A letra dessa música fala de uma relação de alteridade entre a Argentina e o Rio de Janeiro. Ora, não foi feita uma oposição desproporcional entre uma nação e uma cidade, mas, sim, uma relação entre duas nações. O Rio de Janeiro foi tomado, nessa canção, como representante direto do Brasil. Em outras palavras, Carmen poderia ter dito: Pois eu canto e danço sempre que possa/ Um sambinha cheio de bossa/ Eu sou do Brasil. A única grande perda seria a da rima com a palavra “ligeiro”.
Autores como Afonso Carlos Marques dos Santos[13][13] e Sandra Pesavento[14][14] já analisaram a representação do Rio de Janeiro como símbolo tanto da modernidade quanto da nacionalidade, a partir da República. Houve, então, uma ação política que buscou apagar da paisagem urbana tudo o que lembrava o “atraso” do Império, tornando o Rio a cidade-símbolo da modernização do Brasil, ao mesmo tempo em que era, pela própria condição de capital, cidade-símbolo da nacionalidade.
O espaço urbano também era o local onde a cultura dos diversos grupos que formavam a nação circulava com mais facilidade, e, consequentemente, o espaço onde seria mais fácil a formação de uma síntese sobre a cultura nacional que unisse os diversos grupos. Sob esse aspecto, o Rio de Janeiro era o local mais privilegiado do país para o surgimento dessa cultura. Como dizem Gilberto Vasconcellos e Matinas Suzuki Jr., se a ordem escravocrata repartia a musicalidade europeia e o ritmo africano, é na relativa flexibilidade social da vida dos homens livres citadinos, nesta esfera intermediária, que se criarão as condições para o florescimento da mistura criativa popular [15][15].
Vários símbolos do Rio de Janeiro foram apresentados como nacionais. Na canção “Recenseamento”, citada anteriormente, Carmen cantava:
Fiquei pensando e comecei a descrever
Tudo, tudo de valor que meu Brasil me deu
Um céu azul, um Pão-de-Açúcar sem farelo
Um pano verde-amarelo
Tudo isso é meu

É a paisagem do Rio de Janeiro, especialmente representada no Pão-de-Açúcar, que se tornou a representante do Brasil. Perceba-se que Carmen, ao citar o Pão-de-Açúcar, não se refere ao que de valor o Rio de Janeiro lhe deu, mas ao que o Brasil lhe deu. Por outro lado, não são todos os símbolos do Rio de Janeiro que condiziam com o modelo político e econômico instalado durante os anos 30. O maior de todos os problemas era, provavelmente, um dos maiores símbolos associados a ele: o malandro. E este era, sem dúvida, a maior figura que o Rio de Janeiro tinha a oferecer como símbolo para a nação. Como resolver essa questão?
Apesar de se aproximar da figura do malandro carioca, Carmen Miranda foi um dos personagens fundamentais na escolha de um novo símbolo da nacionalidade. Aí já se pode imaginar qual seja ele: a baiana. A aproximação de Carmen com a Bahia já era antiga. No dia 29 de novembro de 1932, Carmen gravou um samba de Assis Valente (baiano radicado no Rio de Janeiro) chamado “Etc.”.
Bahia, que é terra do meu samba
Quem nasce na Bahia é bamba, é bamba
Bahia, terra do poeta
Terra do doutor et cetera

Eu tenho também o meu valor (ora se tenho)
E vivo com muita alegria
O samba é o meu avô
Macumba é minha tia
Sou prima do grande violão
Sou bamba no batuque e no cordão
Meu pai é o homi das muamba
O grande e conhecido candomblé
(...)
Eu gosto muito da viola
A moça feita só de pinho
Parenta do grante interventor
O samba do respeitado cavaquinho
(...)
O delegado tamborim
Com jeito e com diplomacia
Na batucada diz assim:
Que o samba também tem delegacia

Nesta canção se apresenta uma interessante representação, a do samba, símbolo da nação, tendo como “delegacia” a Bahia. A expressão indicava que esta região do país era como uma guardiã da nacionalidade. O que Carmen estava dizendo era que a Bahia tinha mais legitimidade, entre os estados brasileiros, para definir a nação.
A Bahia era mencionada frequentemente nas canções interpretadas por Carmen. Em 1936, por exemplo, ela (CM.) gravou “No tabuleiro da baiana”, de Ary Barroso, acompanhada de Luiz Barbosa (LB):
LB: No tabuleiro da baiana tem
CM: Vatapá, oi, caruru, mungunzá, oi, tem umbu... p’ra ioiô
LB: Se eu pedir você me dá
CM: Lhe dou
LB: ... o seu coração, o seu amor de Iaiá?
CM: No coração da baiana tem
LB: Sedução, oi, canjerê, ilusão, oi, candomblé
CM: P’ra você
LB: Juro por Deus
Pelo Sinhô do Bonfim
Quero você, baianinha
Inteirinha p’ra mim
CM: Sim, mas depois
O que será de nós dois?
Teu amor é tão fugaz, enganador
LB: Mentirosa, mentirosa, mentirosa
Tudo já fiz, fui até num canjerê
P’ra ser feliz
Meus trapinhos juntar com você
CM: Sim, mas depois
Vai ser mais uma ilusão
Que no amor quem governa
É o coração

Nesta composição, identificamos a utilização da sensualidade valorizando a figura da baiana. Quando Luiz Barbosa diz que, no coração da baiana, tem sedução, ele a valoriza dando-lhe um atributo que toda a mulher gostaria de ter. Parece que a Bahia tinha esse elemento de sensualidade tão característico do Brasil, como já pensava Gilberto Freyre. Essa sedução e essa magia baianas são reafirmadas no decorrer de toda a canção, com a qual, cercado por vários símbolos da cultura popular baiana, Luiz paquera a baianinha.
O apelo à sexualidade foi reiterado em várias outras canções interpretadas por Carmen, como em “Quando penso na Bahia”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, gravada em setembro de 1937, em “Nas cadeiras da baiana”, samba de Portelo Juno e Leo Cardoso, que ela gravou em 1938, e em um de seus grandes sucessos de 1938: “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso. Mas foi “O que é que a baiana tem” a canção mais marcante na definição da baiana como representante do Brasil.
Identidade nacional e regional na imagem de Carmen
Em 1939, num momento fortemente influenciado pela aversão estatal à figura do malandro, foi gravada “O que é que a baiana tem”. É um samba típico baiano de Dorival Caymmi, que, além de compositor, também a ajudou a montar o figurino de baiana e participou da gravação da música para o filme “Banana da Terra”:
CM: O que é que a baiana tem?
Coro: O que é que a baiana tem?
CM: Tem torso de seda, tem (tem)
Tem brinco de ouro, tem (tem)
Corrente de ouro tem (tem)
Tem pano da Costa, tem (tem)
Tem bata rendada, tem (tem)
Pulseira de ouro tem (tem)
Tem saia engomada, tem (tem)
Tem sandália enfeitada, tem (tem)
E tem graça como ninguém
Coro: O que é que a baiana tem?
CM: Como ela requebra bem
(...)
Coro: O que é que a baiana tem?
CM: Um rosário de ouro
Uma bolota assim
Ai, quem não tem balangandãs
Não vai no Bonfim
Oi, quem não tem balangandãs
Não vai no Bonfim

A cantora mais famosa do Brasil, identificada com o Rio de Janeiro, nessa música passava a se apresentar vestida com os trajes típicos das negras da Bahia. Na verdade, a imagem de baiana construída por Carmen não foi uma cópia fiel das baianas que vendiam comidas em Salvador. Ela selecionou alguns elementos dos trajes dessas baianas e acrescentou outros. Foi algo muito chocante para a época: uma cantora que sempre havia se vestido dentro das tendências da moda urbana do Rio de Janeiro, nesse momento construiu um figurino totalmente distinto. Mais impressionante ainda foi o resultado disso. Segundo a biógrafa Martha Gil-Montero,
Algo extraordinário aconteceu no Carnaval seguinte, após a estreia de Banana da Terra. Quase todos os homens que participavam dos desfiles nas ruas do Rio usavam uma baiana – não bem o clássico traje baiano, mas a nova versão Miranda. Mais extraordinário ainda, era que as mulheres, que em geral se mantinham afastadas das ruas mas participavam de bailes e concursos, também tinham descoberto a baiana[16][16].
Sendo assim, parece haver uma resposta positiva do povo do Rio de Janeiro em relação à baiana que Carmen criara. Isso mostra que essas representações regionais da Bahia não encontraram oposição dos cariocas, o que favoreceu a sua emergência como símbolos nacionais. Em outras palavras, a imagem transmitida foi acolhida pelos receptores, tendo a representação atingido seus objetivos. Evidentemente que o sucesso internacional da figura de baiana de Carmen foi um elemento que influenciou na legitimação desta como símbolo nacional. Porém, se não tivesse aceitação dentro do próprio país, ela não teria como se afirmar como nacional.
A figura da baiana também vai ao encontro do elogio à miscigenação, especialmente entre a negra e a branca, que nela se fundem harmoniosamente, como propunha Gilberto Freyre. O pano da Costa, lembrando a herança africana, o Bonfim, que lembrava o candomblé, logo após o rosário de ouro, que lembrava a Igreja Católica. Enfim, a baiana seria a representação que melhor expressaria essa forma de síntese do Brasil. E, importante, uma síntese harmônica, que representava as camadas populares brasileiras em convívio pacífico com as elites, diferentemente do malandro, que era a representação daquelas camadas em forte atrito com estas e com toda a nova organização político-econômico-social que se estabelecia. Mas existem outros elementos que dão legitimidade à baiana como símbolo da nação.
A baiana, como já foi mencionado, era apresentada como cercada de uma sensualidade que causa certa empatia. Porém a sensualidade também poderia ser facilmente representada na virilidade da figura do gaúcho, por exemplo. Assim, ela não é um fator essencial, sendo antes um adicional à legitimação da baiana como símbolo da nação. É certo que o poder simbólico de Carmen influiu na legitimação da baiana como símbolo nacional. Contudo, existem outros elementos que também deram legitimidade à baiana. Em primeiro lugar, temos de levar em conta que foi em terras do atual estado da Bahia que chegaram os primeiros portugueses ao Brasil. A Bahia já fazia parte do imaginário de amplos segmentos da população brasileira dos anos 30 como o local da origem do Brasil, o mito fundador da nacionalidade. A data da chegada de Pedro Álvares Cabral a terras que, na década de 30, pertenciam ao estado da Bahia, era feriado nacional e, consequentemente, representação muito difundida como marco inicial da nacionalidade brasileira.
Um segundo elemento histórico que legitima os símbolos da Bahia como representantes da nação é o fato da cidade de Salvador ter sido, durante a maior parte do período colonial, capital do Brasil. Nesse sentido, ao mesmo tempo que o Rio de Janeiro representaria o Brasil moderno, a Bahia estaria associada ao passado histórico brasileiro.
Além desses elementos presentes no discurso histórico e difundidos largamente entre amplos segmentos da população, havia, dentro da composição urbana do próprio Rio de Janeiro, um importante elemento legitimador dos símbolos da Bahia como representantes do nacional. Como analisa Mônica Pimenta Velloso, houve, especialmente durante a República Velha, uma grande migração de baianos para essa cidade. Baianos que chegaram ao Rio de Janeiro puderam manter vários elementos de sua cultura. Havia nas casas das famosas “tias baianas” algo como uma rede de proteção aos baianos que chegavam à capital. Era na casa de uma delas, a Tia Ciata, onde se reuniam vários artistas e intelectuais, como Donga, Pixinguinha, Sinhô, Manuel Bandeira e Mário de Andrade, possibilitando a circulação da cultura, o que permitiu, por sua vez, a aceitação, inclusive para setores da intelectualidade, de símbolos da Bahia como legitimadores da nação.
Trazidos da Bahia, vários elementos culturais já faziam parte do cotidiano do Rio de Janeiro:
Desde o início do século, as tias baianas com os seus famosos tabuleiros estavam presentes nos mais diversos pontos da cidade. Nas esquinas, praças, largos, becos, estação de trem, porta das gafieiras, elas eram presença obrigatória, já fazendo parte do cotidiano carioca. Nas festas tradicionais das igrejas, como as da Penha e Glória, também compareciam com as suas barracas de comida típica[17][17].
Dessa forma, já havia uma certa receptividade, entre setores da capital do país, para a legitimação de símbolos baianos como nacionais. Assim, poderia se afirmar que a legitimação desses símbolos esteve intimamente associada ao aval recebido no Rio de Janeiro.
A figura da baiana combinava com o perfil de Carmen. Dentre os modelos femininos presentes no Rio de Janeiro, as baianas se destacavam por sua desinibição, linguajar mais solto e maior liberdade de locomoção e iniciativa[18][18]. Estes elementos combinavam com a personalidade de mulher liberada de Carmen (que chocava muitas pessoas ao fazer coisas como dirigir sozinha e tirar fotos de maiô na praia). A imagem da baiana poderia, dessa maneira, servir para ela como uma forma pessoal de manifestar seu temperamento liberado.
Pelo lado da política, especialmente quanto à valorização do trabalho, poderíamos fazer mais uma inferência sobre a baiana como representante do nacional. Ao contrário do malandro, a baiana não representa um mundo à margem do trabalho regular. Nela não se pode identificar, em princípio, qualquer vestígio de resistência à exploração do trabalho. Mas havia um significativo senão nessa representação: o Estado Novo visava à construção do Brasil moderno e industrial, e a baiana representava o passado arcaico brasileiro. Com certeza, porém, o imaginário da época não aceitaria, como representação da nação, um operário de fábrica ou algo parecido, símbolo da modernidade. O elemento de fio-terra com a realidade desaconselhava essa representação, tendo em vista o recente surgimento e a pequena parcela do contingente de trabalhadores fabris no cenário nacional daquele momento.
A baiana, apesar de não ser um símbolo moderno, como se propunha ser o Estado Novo, também não era um símbolo que se opunha a este, como o era o malandro. A baiana, tal como aparecia nas canções interpretadas por Carmen Miranda, se apresentava frequentemente em atividades como a de vender comidas em seu tabuleiro. Assim, ela era uma trabalhadora. Ela não conseguia seu dinheiro por formas não aceitas pelo Estado Novo, como fazia o malandro.
Contudo, não podemos esquecer que a baiana estilizada de Carmen Miranda não era idêntica à original da Bahia, mas uma montagem na qual ela uniu o seu gosto para roupas com a orientação dada por Dorival Caymmi: como se cuidasse de preparar Carmen Miranda, Dorival Caymmi acompanhou-a até a costureira, mulher do compositor Vicente Paiva. Caymmi lembra do tecido argentino escolhido por Carmen, com listras vermelhas, verdes e amarelas. Depois, foi com ela escolher os balangandãs na Avenida Passos[19][19].
Carmen fez uma série de alterações na composição da baiana: fios de contas no pescoço, o abdômen nu, o uso de muitas cores vistosas e um turbante com duas cestinhas cheias de frutas que ela tinha visto na Casa Turuna, na Avenida Passos.
Fazendo uma leitura dessa imagem, podemos afirmar que as alterações feitas por Carmen na sua baiana não respondiam apenas a excentricidades suas, mas tinham a ver com a própria brasilidade que ela queria transmitir em suas roupas. Com uma natureza tão punjantemente colorida, não se deveria representar o Brasil com vestes brancas, como as baianas originais faziam. O colorido, associado às nossas belezas naturais, ao carnaval e a todas as nuances da diversidade étnica da nação, representava muito melhor o Brasil do que o branco. Logo, podemos afirmar que Carmen, ao alterar esse elemento da imagem da baiana, a “abrasileirou”. O mesmo ocorre com as duas cestinhas de frutas que Carmen colocou na cabeça, também associadas às riquezas naturais do Brasil.
Por isso tudo, podemos considerar que Carmen teve um claro feeling para tornar “mais brasileira”, ou seja, mais aceita pelo imaginário nacional, a figura da baiana. A baiana, como o próprio nome diz, não deixou de ser uma figura regional, mas as alterações feitas pela cantora deram a ela a possibilidade de, além disso, também ser nacional.

1969 – Festival Woodstock
Nos dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969, apenas um mês depois da famosa aterrissagem da Apollo 11 na Lua, o mundo testemunhou outro passo gigante. Dessa vez foi o festival Woodstock, no estado de Nova Iorque. Aproximadamente 500 mil pessoas convergiram para uma pequena cidade para escutar três dias de música. O fato de tantas pessoas virem de tão longe em nome da música nos diz algo sobre a experiência humana daquela época, embora o que é dito não esteja totalmente claro.

Mesmo que provavelmente não tenha participado dele, você deve ter ouvido falar sobre o evento conhecido como Woodstock. Você deve ter ouvido que houve sexo, drogas e rock'n roll, ou talvez que houve problemas com comida, limpeza, estacionamento, trânsito e até com água potável. Você possivelmente ouviu que a música estava fantástica: uma sequência musical pouco provável de acontecer novamente em qualquer outra área. E tudo isso é verdade. Então, vamos dar uma olhada em exatamente como isso aconteceu.
A primeira coisa que precisamos reconhecer é que 1969 foi o auge da contracultura na América. A contracultura hippie incluía o uso de drogas, protestos antiguerra e anticapitalismo, o conceito de amor livre, o movimento de libertação das mulheres, vida em comunidade e muito mais.

Os Estados Unidos estavam divididos. De um lado estava um grupo de norte-americanos que apoiava o país: adesivos com dizeres "Ame-o ou deixe-o" nos pára-choques e apoio à guerra do Vietnã. Do outro lado estava o grupo de norte-americanos conhecidos como hippies: um termo que se tornou conhecido por volta de 1967.

A segunda coisa a ser reconhecida é que o rock já era um grande fenômeno. Woodstock foi um festival de músicos da contracultura, como Joan Baez, Grateful Dead, The Who, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Crosby, Stills e Nash. Reunir essas bandas e artistas num mesmo lugar transformou o Woodstock num ímã que atraiu pessoas de todo o país.
1789 – Revolução Francesa
A Revolução Inglesa do século XVII marca o início da Era das Revoluções Burguesas, na medi­da em que cria condições para o desenvolvimento acelerado do capitalismo. A Revolução Francesa, cabe definir o perfil ideológico desses movimentos, por seu caráter liberal e democrático.
Para muitos historiadores, a Revolução Francesa faz parte de um movimento revolucionário global, atlântico ou ocidental, que começa nos Estados Unidos em 1776, atinge Inglaterra, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça e, em 1789, culmina na França com violência maior. O movimento passa a repercutir em outros países europeus e volta à França em 1830 e 1848. Há traços comuns em todos esses movimentos, mas a Revolução Francesa tem identidade própria, manifestada na tomada do poder pela burguesia, na participação de camponeses e artesãos, na superação das instituições feudais do Antigo Regime e na preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial.
Antecedentes
A França era ainda um país agrário em fins do século XVIII. Novas técnicas de cultivo e novos produtos melhoraram a alimentação, e a população aumentou. O início de industrialização já permitia a redução de preços de alguns produtos, estimulando o consumo.
A burguesia se fortaleceu e passou a pretender o poder político e a discutir os privilégios da nobreza. Os camponeses possuidores de terras queriam libertar-se das obrigações feudais devi­das aos senhores. Dos 25 milhões de franceses, 20 milhões viviam no campo. A população formava uma sociedade de estamentos (formas de estar), resquício da Idade Média. Mas já se percebia uma divisão de classes. O clero, com 120 000 religiosos, dividia-se em alto clero (bispos e abades com nível de nobreza) e baixo clero (padres e vigários de baixa condição); era o primeiro estado. A nobreza constituía o segundo estado, com 350 000 membros; os palacianos viviam de pensões reais e usufruíam de cargos públicos; os provinciais vi­viam no campo, na penúria. A nobreza de toga, constituída de gente oriunda da burguesia, comprava seus cargos. O terceiro estado compreendia 98% da população: alta burguesia, composta por banqueiros, financistas e grandes empresários; média burguesia, formada pelos profissionais liberais, os médicos, dentistas, professores, advogados e outros; pequena burguesia, os artesãos, lojistas; e o povo, camada social heterogênea de artesãos, aprendizes e proletários. As classes populares rurais completavam o terceiro estado; destacavam-se os servos ainda em condição feudal (uns 4 milhões); mas havia camponeses livres e semilivres.
O terceiro estado arcava com o peso de impostos e contribuições para o rei, o clero e a nobreza. Os privilegiados tinham isenção tributária. A principal reivindicação do terceiro esta­do era a abolição dos privilégios e a instauração da igualdade civil.
No plano político, a revolução resultou do absolutismo monárquico e suas injustiças. O rei monopolizava a administração; concedia privilégios; esbanjava luxo; controlava tribunais; e condenava à prisão na odiada fortaleza da Bastilha, sem julgamento. Incapaz de bem dirigir a economia, era um entrave ao desenvolvimento do capitalismo.
O Estado não tinha uma máquina capaz de captar os impostos, cobrados por arrecadadores particulares, que espoliavam o terceiro estado. O déficit do orçamento se avolumava. Na época da revolução, a dívida externa chegava a 5 bilhões de libras, enquanto o meio circulante não passava da metade. Os filósofos iluministas denunciaram a situação. Formavam-se clubes para ler seus livros. A burguesia tomava pé dos problemas e buscava conscientizar a massa, para obter-lhe o apoio.
As condições estavam postas; faltava uma conjuntura favorável para precipitar a revolução.
A revolta aristocrática
A indústria sofreu séria crise a partir de 1786. Um tratado permitiu que produtos agrícolas franceses tivessem plena liberdade na Inglaterra em troca da penetração de produtos ingleses na França. A principiante indústria francesa não aguentou a concorrência.
A seca de 1788 diminuiu a produção de ali­mentos. Os preços subiram e os camponeses passavam fome. Havia miséria nas cidades. A situação do tesouro piorou depois quê a França apoiou a Independência dos Estados Unidos, aventura que lhe custou 2 bilhões de libras. O descontenta­mento era geral. Urgiam medidas para sanear o caos. Luís XVI encarregou o ministro Turgot de realizar reformas tributárias, mas os nobres reagiram e ele se demitiu. O rei então indicou Calonne, que convocou a Assembleia dos Notáveis, de nobres e clérigos (1787). O ministro propôs que esses dois estados abdicassem dos privilégios tributários e pagassem impostos, para tirar o Estado da falência. Os nobres não só recusaram como provocaram revoltas nas províncias onde eram mais fortes.
O novo ministro, Necker, convenceu o rei a convocar a Assembleia dos Estados Gerais, que não se reunia desde 1614. As eleições dos candidatos para a Assembleia realizaram-se em abril de 1789 e coincidiram com revoltas geradas pela péssima colheita desse ano. Em Paris, os panfletos dos candidatos atacavam os erros do Antigo Regime e agitavam os sans-culottes, isto é, os sem-calções, em alusão à peça de roupa dos nobres, que os homens do povo não usavam. Os nobres eram cerca de 200 000 numa Paris com 600 000 habitantes.
Em maio de 1789, os Estados Gerais se reuni­ram no Palácio de Versalhes pela primeira vez. O terceiro estado foi informado de que os projetos seriam votados em separado, por estado. Isto daria vitória à nobreza e ao clero, sempre por 2 a 1. O terceiro estado rejeitou a condição. Queria votação individual, pois contava com 578 deputados, contra 270 da nobreza e 291 do clero, ou seja, tinha a maioria absoluta. E ainda contava com os votos de 90 deputados da nobreza esclarecida e 200 do baixo clero.
Revolução Burguesa
Reunindo-se em separado em 17 de junho de 1789, o terceiro estado se considerou Assembleia Nacional. Luís XVI, pretextando uma reforma na sala, dissolveu a reunião. Os deputados do terceiro estado foram então para a sala de Jogo da Péla, onde receberam adesão de parte do clero e de nobres influenciados pelo Iluminismo. O rei não teve alternativa senão aceitar a Assembleia Nacional.
Os fatos se desenrolaram com rapidez, como se algumas décadas fossem comprimidas em algumas semanas.
9 de julho – Proclamou-se a Assembleia Nacional Constituinte. Os deputados juraram só se dispersar depois de dar uma Constituição à França. Luís XVI procurava ganhar tempo, enquanto reunia tropas.
12 de julho – Necker se demite. Aumenta a tensão.
13 de julho – Forma-se a milícia de Paris, organização militar-popular. O povo armazena armas e prepara barricadas.
14 de julho – O povo toma a Bastilha. A explosão revolucionária alastra-se por todo o país. No campo, a violência é maior. Procurando destruir o jugo feudal, camponeses saqueiam as posses da nobreza, invadem cartórios e queimam títulos de propriedade.
Correm boatos de que bandidos aliciados pelos senhores vão atacar os camponeses, gerando o grande medo.
4 de agosto – A Assembleia Constituinte inicia reunião em que, para conter o movimento, os deputados aprovam a abolição dos direitos feudais: as obrigações devidas pelos camponeses ao rei e à Igreja a são suprimidas; as obrigações devidas aos nobres devem ser pagas em dinheiro.
26 de agosto – E aprovada a Declaração dos Diretos do Homem e do Cidadão. De inspiração iluminista, o documento defende o direito à liberdade, à igualdade perante a lei, à inviolabilidade da propriedade e o direito de resistir à opressão. Na sessão que votou o direito de veto (poder concedido ao rei de vetar decisões da Assembleia), os aristocratas sentam-se à direita do presidente; os democratas, à esquerda. Tal fato deu origem à separação que chega aos dias de hoje, entre direita e esquerda na política.
O rei se recusou a aprovar a Declaração e a massa parisiense revoltou-se novamente. Foram as jornadas de outubro: o Palácio de Versalhes foi invadido e o rei obrigado a morar no Palácio das Tulherias, em Paris.
Em 1790, foi aprovada a Constituição Civil do Clero. Estabelecia que os bens eclesiásticos seriam confiscados para servir de lastro à emissão dos assignats (bônus do Estado) e os padres passariam a ser funcionários do Estado. Muitos aceitaram e juraram fidelidade à Revolução, desobedecendo ao papa, que já se manifestara contra. Outros, os refratários, emigraram e de­ram início às agitações contra-revolucionárias nas províncias.
A Constituição ficou pronta em 1791. O poder executivo caberia ao rei, e o legislativo, à Assembléia. O trono continuava hereditário e os deputados teriam mandato de dois anos. Só seria eleitor quem tivesse um mínimo de riqueza. Foi abolido o feudalismo. Foram suprimidos os privilégios e as antigas ordens sociais, com a proclamação da igualdade civil. Reorganizou-se e descentralizou-se a administração. Foram confirmadas a nacionalização dos bens eclesiásticos e a Constituição Civil do Clero. Foi mantida a escravidão nas colônias.
Luís XVI, em contato com outros soberanos absolutos, julgou o momento oportuno para escapar e, com apoio estrangeiro e dos emigrados, iniciar a contra-revolução. Fugiu em julho de 1791, mas foi preso em Varennes, recambiado ao Palácio e mantido sob vigilância.
O êxito da Revolução estimulou movimentos na Holanda, Bélgica e Suíça. Na Itália, Inglaterra, Irlanda, Alemanha e Áustria, simpatizantes organizaram demonstrações de apoio. Os déspotas esclarecidos sustaram as reformas e se reaproximaram da aristocracia. Escritores reacionários defendiam a ideia de uma contra-revolução. As potências europeias, de início indiferentes, uni­ram-se. A ameaça de invasão da França aumentou, o que tornou inevitável a radicalização inter­na da Revolução.
A unidade inicial entre patriotas contra os aristocratas desapareceu, dando origem à complexa composição político-partidária. Os girondinos, representantes da alta burguesia, defendiam as posições conquistadas e evitavam a ascensão da massa de sans-culottes; os jacobinos, representando a pequena e média burguesia, constituíam o partido mais radical, ainda mais sob a liderança de Robespierre, que buscava o apoio dos sans-culottes; os cordeliers, independentes liderados por La Fayette, procuravam ficar no centro e oscilavam entre os feuillants, à direita, e os jacobinos, à esquerda.
Os girondinos tinham a maioria e o apoio do rei, que neles confiava para conter o avanço revolucionário. Graças a isto, o rei conseguiu vetar o projeto que deportava os refratários e convocava o exército para enfrentar os inimigos da Revolução, cada vez mais ativos fora da França.
Os inimigos, representados pelo exército austro-prussiano e pelo exército de emigrados, comandados pelo duque prussiano Brunswick e apoiados secretamente por Luís XVI, invadiram a França. Radicalizou-se a posição contra os nobres, considerados traidores. A massa parisiense, mais forte politicamente, apoiando os jacobinos e liderada por Danton e Marat, atacou os aristocratas nas prisões: foi o massacre de setembro.
O exército nacional foi convocado, com apresentação obrigatória de todos os homens válidos. Em 20 de setembro de 1792, os austro-prussianos foram batidos em Valmy. À noite, em Paris, foi proclamada a República. O rei, suspeito de traição, aguardaria julgamento.
Revolução Popular
Uma nova assembleia foi formada, a Convenção, que deveria preparar nova Constituição. Os girondinos perderam a maioria para os jacobinos, reforçados pelos montanheses, grupo mais radical. Robespierre e Saint-Just lideravam os jacobinos. O julgamento de Luís XVI abalou a opinião pública europeia. Os girondinos trataram de defendê-lo. Saint-Just e Robespierre pediam a condenação. O rei acabou guilhotinado em 21 de janeiro de 1793.
O primeiro ano da República, 1793, foi chamado Ano I, no novo calendário. Uma nova representação tomou posse, eleita por sufrágio universal masculino, o que acentuou seu caráter popular; saíram vitoriosos os jacobinos e a Montanha. Pela nova Constituição, os 750 deputados eleitos escolheriam a mesa dirigente, com funções executivas.
Europa afora, coligavam-se forças absolutistas: Inglaterra, Holanda e Santo Império. A Convenção se defendeu, organizando uma série de instituições: Comitê de Salvação Pública, encarregado de controlar o exército; Comitê de Segurança Nacional, para garantir a segurança interna; Tribunal Revolucionário, encarregado de julgar os contra-revolucionários. Os jacobinos controlavam a Convenção e os principais Comitês.
Começa então o expurgo de adversários. Os girondinos são acusados de partidários do rei e vários vão para a guilhotina. A jovem Charlotte Corday se vinga assassinando o jacobino Marat. Também é guilhotinada. Entramos no período do Terror, que se estenderia de junho de 1793 a julho de 1794.
A Montanha de Robespierre dirigia essa política. As perseguições se espalharam. Os indulgentes de Danton temiam que a onda os envolves­se. Protestavam e pediam o fim das perseguições. No extremo oposto, os hebertistas, seguidores de Hébert, pregavam mais violência.
Robespierre tentava manter-se entre os extremistas da esquerda. Como a pressão popular era grande, fazia concessões: os preços foram tabela­dos; os exploradores, perseguidos; os impostos sobre os ricos, aumentados; pobres, velhos e desamparados, protegidos por leis especiais; a instrução tornou-se obrigatória; bens de nobres e emigrados foram vendidos para cobrir as despe­sas do Estado.
As leis sociais provocaram ondas contra-revolucionárias. Sobrevieram medidas drásticas. O Tribunal Revolucionário prendeu mais de 300 000 pessoas e condenou à morte 17 000. Muitos morre­ram nas prisões esperando julgamento.
O Terror chegou ao auge e atingiu a própria Convenção. Para se manter no poder, Robespierre precisava eliminar toda oposição. Condenou Danton à morte. O radicalismo dos hebertistas igualmente criava problemas, levando-os também à guilhotina.
O sucesso militar diminuiu a tensão interna, e a população passou a desejar o afrouxamento da repressão. Os girondinos, que tinham se isolado durante o Terror para salvar suas cabeças, volta­ram à carga. Robespierre não tinha mais a massa parisiense para apoiá-lo, pois havia liquidado seus líderes. Em julho de 1794, ou 9 Termidor pelo novo calendário, Robespierre e Saint-Just foram presos e guilhotinados em seguida. A alta burguesia voltava ao poder através dos girondinos.
Contra-Revolução Burguesa
O poder da Convenção caiu nas mãos do Pântano, movimento formado por elementos da alta burguesia, de duvidosa moralidade pública e grande oportunismo político. Ligados aos girondinos, instalaram a Reação Termidoriana. Os clubes jacobinos foram fechados. Preparou-se nova Constituição, a do ano III (1795), que estabelecia um executivo com cinco diretores eleitos pelo legislativo, o Diretório. Os deputados com­poriam duas câmaras: o Conselho dos S00 e o Conselho dos Anciãos.
A configuração política da Assembléia mu­dou: no centro, os girondinos, que tinham deposto Robespierre; à direita, os realistas, que pregavam a volta dos Bourbon ao poder; à esquerda, jacobinos e socialistas utópicos, que reclamavam medi­das de caráter social.
Os diretores equilibravam-se em meio a golpes, da esquerda e da direita. Em 1795, os realistas tentaram dar um golpe, abafado por um jovem oficial, Napoleão Bonaparte, presente em Paris por acaso. Como recompensa, ele recebeu dos diretores o comando do exército na Itália.
Em 1796, estourou a conspiração jacobina do Clube de Atenas. No ano seguinte, foi a vez dos realistas, derrotados novamente, pelo general Augereau, enviado por Napoleão, que acabava de assinar uma paz vantajosa com a Áustria. Em 1798, os jacobinos venceram as eleições. A burguesia queria paz. Queria um governo forte que conduzisse a França à normalidade. Alguns diretores, como Sieyès e Ducos, prepararam o golpe que levaria Napoleão ao poder, em 9 de novembro de 1799 ou 8 Brumário. Napoleão evitaria as tentativas jacobinas de tomar o poder, consolidando o poder da burguesia no contexto da Revolução. Uma revolução cujos ideais não tardariam a repercutir em longínquas terras, inclusive no Brasil.

1889 – Proclamação da República – vamos comemorar 120 anos exatamente no dia da Prova de Primeira Fase da UFC!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
No final da década de 1880, a monarquia brasileira estava numa situação de crise, pois representava uma forma de governo que não correspondia mais às mudanças sociais em processo. Fazia-se necessário a implantação de uma nova forma de governo, que fosse capaz de fazer o país progredir e avançar nas questões políticas, econômicas e sociais.
Crise da Monarquia A crise do sistema monárquico brasileiro pode ser explicada através de algumas questões:
· Interferência de D.Pedro II nos assuntos religiosos, provocando um descontentamento na Igreja Católica;
· Críticas feitas por integrantes do Exército Brasileiro, que não aprovavam a corrupção existente na corte. Além disso, os militares estavam descontentes com a proibição, imposta pela Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam se manifestar na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra;
· A classe média (funcionário públicos, profissionais liberais, jornalistas, estudantes, artistas, comerciantes) estava crescendo nos grandes centros urbanos e desejava mais liberdade e maior participação nos assuntos políticos do país. Identificada com os ideais republicanos, esta classe social passou a apoiar o fim do império;
· Falta de apoio dos proprietários rurais, principalmente dos cafeicultores do Oeste Paulista, que desejavam obter maior poder político, já que tinham grande poder econômico;
Diante das pressões citadas, da falta de apoio popular e das constantes críticas que partiam de vários setores sociais, o imperador e seu governo, encontravam-se enfraquecidos e frágeis. Doente, D.Pedro II estava cada vez mais afastado das decisões políticas do país. Enquanto isso, o movimento republicano ganhava força no Brasil.
A Proclamação da República No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.
Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro, D.Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. A partir de então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil.

1989 – Queda do Muro de Berlim
Quando a II Guerra Mundial terminou, a capital alemã, Berlim, foi dividida em quatro áreas. Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética passaram a comandar e administrar cada uma destas regiões.No ano de 1949, os países capitalistas (Estados Unidos, França e Grã-Bretanha) fizeram um acordo para integrar suas áreas à República Federal da Alemanha (Alemanha Oriental). O setor soviético, Berlim Oriental, passou a ser integrado a República Democrática da Alemanha (Alemanha Ocidental), seguindo o sistema socialista, pró-soviético.Até o ano de 1961, os cidadãos berlinenses podiam passar livremente de um lado para o outro da cidade. Porém, em agosto de 1961, com o acirramento da Guerra Fria e com a grande migração de berlinenses do lado oriental para o ocidental, o governo da Alemanha Oriental resolveu construir um muro dividindo os dois setores. Decretou também leis proibindo a passagem das pessoas para o setor ocidental da cidade.O muro, que começou a ser construído em 13 de agosto de 1961, não respeitou casas, prédios ou ruas. Policiais e soldados da Alemanha Oriental impediam e até mesmo matavam quem tentasse ultrapassar o muro. Muitas famílias foram separadas da noite para o dia. O muro chegou a ser reforçado por quatro vezes. Possuía cercas elétricas e valas para dificultar a passagem. Havia cerca de 300 torres de vigilância com soldados preparados para atirar. Em 9 de novembro de 1989, com a crise do sistema socialista no leste da Europa e o fim deste sistema na Alemanha Oriental, ocorreu a queda do muro. Cidadãos da Alemanha foram para as ruas comemorar o momento histórico e ajudaram a derrubar o muro. O ato simbólico representou também o fim da Guerra Fria e o primeiro passo na reintegração da Alemanha.

1889 –Nascimento de Charles Chaplin – veja a importância dele para o cinema e a história relacionada a sua coragem em filmar O Grande Ditador satirizando o regime nazista.
1989 – Massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial – Primavera de Pequim
O Massacre da Praça da Paz Celestial, consistiu em uma série de manifestações lideradas por estudantes pró-democracia na República Popular da China, entre 15 de abril e 4 de junho de 1989. O protesto recebeu o nome do lugar em que o Exército Popular de Libertação suprimiu a mobilização: a praça Tiananmen, em Pequim, capital do país. Os manifestantes (em torno de cem mil) eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade, que acreditavam que as reformas econômicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando suas vidas. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim.Devido aos protestos e às ordens do governo pedindo o encerramento dos mesmos, se produziu no Partido Comunista uma divisão de critérios (opiniões) sobre como se deveria responder aos manifestantes. A decisão tomada foi suprimir os protestos pela força, no lugar de atender suas reivindicações. Em 20 de maio, o governo declarou a lei marcial e, na noite de 3 de junho, enviou os tanques e a infantaria do exército à praça de Tiananmen para dissolver o protesto. Centenas, talvez milhares de estudantes foram assassinados na praça central e outras áreas de Pequim quando as tropas chinesas desalojaram os manifestantes, que durante mais de um mês tinham se concentrado no centro da capital. A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.No dia 4 ocorreu a cena mais conhecida dos eventos: foi tirada a fotografia vencedora do World Press Photo de 1989, na qual é mostrada um jovem estudante parado no meio de uma avenida detendo a fileira de tanques que circulava por ela, em frente à porta da Cidade Proibida, até ser puxado. Ainda, sua foto, estampou manchetes mundo afora e ganhou o Prêmio Pulitzer em 1990. Até hoje não se sabe o nome do rapaz, apelidado "Homem-tanque" ou "Rebelde Desconhecido", eleito pela Time como uma das pessoas mais influentes do século XX.